Uma das coberturas jornalísticas que fizemos e que marcaram nossa história foi o enterro de Floripes Dornelas de Jesus, a "santa" Lola, em Rio Pomba, na Zona da Mata Mineira. Ela morreu em 1999, aos 86 anos, de insuficiência cardíaca. A vida dela é um mistério que desafia a fé e as crenças de muitas pessoas.
Aos 22 anos, a jovem, nascida em Mercês e criada em Rio Pomba, caiu de uma árvore enquanto brincava e ficou paraplégica. Depois disso, ela passou a viver enclausurada no sítio da família, se alimentando apenas de hóstias e orando.
Devota do Sagrado Coração de Jesus, Lola passou a ser procurada por uma multidão de fiéis que acreditava na santidade dela e pedia intervenção divina para resolver problemas.
Até os anos 60, era grande a romaria ao sítio. Pouco depois, Lola passou a receber apenas religiosos. Na época, a justificativa apresentada pela Igreja Católica foi de que era necessário preservar a saúde frágil de Lola, que não dormia, se alimentava de hóstias e passava dias e noites rezando.
Os pedidos de orações continuaram e ela respondia por cartas a cada um deles. No enterro, cerca de 12 mil pessoas de várias partes de Minas e do Brasil lotaram a cidade para orar e se despedir da "santa" Lola, como ficou conhecida.
O que chamou a nossa atenção foram as demonstrações diferentes de sentimentos. Alguns estavam inconsoláveis. Outros acreditavam que ela era santa e que continuaria a proteger a todos. Havia os que tinham ido apenas por curiosidade, para ver como estava o corpo da idosa que vivia em jejum e oração. E, os mais próximos, demonstravam uma mistura de tristeza e conformismo, dizendo que ela tinha retornado ao lugar ao qual pertencia: o céu.
Em 30 de novembro de 2005, ela foi declarada Serva de Deus pela Santa Sé Apostólica. Foi o primeiro passo no processo de beatificação, que está em andamento.
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