A busca incansável por arranjos e sistemas produtivos que possam suprir as necessidades da atual geração sem comprometer a capacidade de atender as futuras gerações leva Ramom Morato a Igarapé-Miri, no Pará. Nessa região, as típicas casas de madeira do beiradão deram lugar a casas de alvenaria bem construídas e equipadas, um sinal de progresso no campo. No entanto, as transformações provocadas pela cultura do açaí não se limitaram apenas à área de várzea.
Na terra firme, o aposentado Sr. Luís, de 68 anos, enxergou no cultivo do açaí, conhecido como o "ouro negro" da Amazônia, uma oportunidade de deixar de financiar a extração ilegal de madeira. O reconhecimento do valor desse pequeno fruto como um produto natural e saudável impulsionou seu preço. No passado, uma rasa de 28 quilos de açaí custava apenas 50 centavos, enquanto hoje um carregador cobra cerca desse valor para transportar cada rasa, que pode valer entre 50 e 60 reais.
Nessa verdadeira capital mundial do açaí, todos os elementos da fruta são aproveitados. O caroço, por exemplo, se torna matéria-prima para a produção de artesanato, e o caule da palmeira é utilizado como palmito. Essa utilização completa do açaí reflete a valorização desse recurso e a busca por sustentabilidade, garantindo que nenhum componente seja desperdiçado.
A história do Sr. Luís é um exemplo inspirador de como o cultivo do açaí não apenas impulsionou a economia local, mas também incentivou práticas mais sustentáveis e o abandono da exploração ilegal da madeira. Essas transformações mostram como é possível conciliar o progresso econômico com a preservação ambiental, criando uma base sólida para atender às necessidades presentes e futuras da região.
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