O Vaticano anunciou que vai estimular o diálogo entre o governo e a oposição da Venezuela. Mas a questão é saber sobre o que é que se vai dialogar. Nicolas Maduro, que preside um regime moribundo, quer que a oposição o ajude a tirar a economia do buraco. Mas a oposição quer muito mais. Ela quer a volta da democracia, e sabe que isso só é possível com o fim do regime bolivariano. O papa Francisco não foi o primeiro que teve a ideia do diálogo. Aliás, o Vaticano já está na parada desde julho. A diferença é que agora ele entrou com um personagem de maior peso político, o núncio apostólico em Buenos Aires. O grupo de negociação, que até agora não conseguiu nenhuma concessão da ditadura venezuelana, é formado pelos ex-presidentes da República Dominicana e do Panamá e ainda o ex-primeiro-ministro da Espanha, José Luiz Zapatero. Com o papa ou sem o papa, a Venezuela só vai superar a crise profunda em que está se Nicolas Maduro for afastado do poder. Mas a Constituição já prevê esse caminho. É o referendo revogatório, que Maduro e seus comparsas fazem de tudo para evitar. Maduro não quer aplicar a Constituição, escrita sob medida pelo padrinho dele, o finado Hugo Chávez. Quem sabe seja preciso uma negociação associada a uma forte pressão internacional. É nisso que vem pensando o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, que tem o apoio muito discreto dos Estados Unidos. E até do Equador, onde o autoritário Rafael Correa já foi simpatizante do regime da Venezuela. E, por fim, tudo indica que a única coisa que não daria certo seria expulsar a Venezuela do Mercosul. É a solução que vem sendo pensada pela Argentina, Paraguai e Brasil. Se o Mercosul der um pé no traseiro de Nicolas Maduro, ele vai montar o circo com os apoiadores e vai querer se passar por vítima. Mas não podemos nos esquecer que a grande vítima dessa história são os próprios venezuelanos. É assim que o mundo gira. Boa noite.
Ещё видео!