Somos todos sempre um
Eu e tu, Grêmio,
somos todos sempre um,
com alma portenha, determinação germânica, garra charrua
e um amor incondicional: não nos abandonamos jamais
Nesses tempos tão difíceis contigo,
eu quase toquei o céu
e desci para o inferno,
mas nunca deixei de apoiar tua poesia bruta
e aplaudir até quem não mereceu vestir teu manto,
pra que pudéssemos seguir em frente.
Nesses anos de cumplicidade,
fui eu que
chutamos todas as bolas pra fora
e erramos todos os passes no meio-campo
e falhamos em defender nossa meta
e escalamos o time errado em jogos fundamentais,
e fomos nós que
fiquei rouco de tanto cantar
e perdi a voz de tanto alentar
e lamentei todas aquelas bolas que bateram na trave
e deixei engasgado mais uma vez o grito de gol.
Eu apelei para
os deuses do futebol
e para os orixás da bola
e até para os cartesianos de plantão
e seus números sem coração,
e adaptei versos beats pra ficar do teu lado: minha vida que
não me ama / meu time que não vejo mais ganhar / ainda
acredito nos dois
Nas arquibancadas românticas da Azenha
e nas cadeiras modernas do Humaitá
eu vi uma gurizada que ainda não te viu ganhar
e senhores de barba branca desacostumados a perder
e garotas entusiasmadas com sua nova paixão
que jamais conjugaram o verbo desistir
Eu me espremi nos piores lugares
e dividi minha intimidade com anônimos
e descarreguei em público minhas próprias derrotas
na esperança de te ver conquistar as maiores vitórias,
na aflição e no alívio de cada 90 minutos do resto de nossas vidas.
Eu confesso: cheguei a te negar por um segundo no calor da
emoção, mas foi só pra poder te perdoar por mais 100 anos
quando voltou a razão
Nos últimos 15 anos
eu perdi e levantei
e perdi e levantei
e perdi e levantei
mas nunca duvidei que vale a pena ser gremista
Eu e tu, Grêmio,
somos todos sempre um
azuis, brancos e pretos,
entoando o mesmo mantra
com as bençãos do velho Lupi,
para o que der e vier:
Dale Tricolor / queremos a Copa
Dale dale Tricolor / meu único amor
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