Projeto "Quem sou eu em Tabajara", organizado pela professora Cristiane Paião, para o projeto de pesquisa de doutorado na Unicamp entrevistando pessoas comuns das comunidades do entorno do Parque Nacional dos Campos Amazônicos. A ideia era mostrar o dia a dia e o que queriam para a vida e o futuro.
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O que é desenvolvimento? Qual é o preço dele para as populações que vão ter as suas memórias, as suas vidas impactadas? O que é proteção/ conservação do meio ambiente? Perguntas, eu tenho milhares na minha pesquisa de doutorado... mas quais são os olhares do mundo, para esse lugar tão lindo, tão mágico, e que mexe com tantos imaginários? E o que isso tem de implicação, de fato, para quem mora lá? O que querem as pessoas, para a vida, delas próprias?
Todas essas, são questões que norteiam a minha pesquisa de doutorado em Ciências Sociais, na Unicamp. A meu ver, é uma questão de política pública, de discutir projetos de governos - e não apenas de um candidato ou outro, mas de todos! É responsabilidade com um povo, não só com "uma selva".
A Usina de Tabajara está sendo alvo de muitos debates, já há quase dez anos. Este é o maior projeto de geração hidrelétrica dos últimos governos. Já "passou pela mão" de vários políticos. O projeto prevê a inundação de uma área superior a 100 km2 na divisa entre Amazonas e Rondônia, no rio Ji-Paraná, para a construção de uma usina com capacidade total de 400 megawatts (MW), ao custo de mais de R$ 5 bilhões.
Em 2023, o IBAMA rejeitou mais uma vez os estudos de impacto ambiental feitos por Furnas e Eletronorte para aprovar a obra.
Para o IBAMA, a obra pode prejudicar uma área sensível, com espécies raras de fauna e flora, além de afetar a situação de comunidades locais, Unidades de Conservação e Terras Indígenas em seu entorno. O parecer também sustenta que, por causa das oscilações naturais no volume do rio, a geração média da usina seria de 235 MW. Por essa razão, o IBAMA recomendou aos responsáveis pelo projeto que analisem outros tipos de empreendimentos capazes de gerar essa mesma eletricidade sem danos ambientais potenciais, como usinas eólicas e solares.
O que você vai ver aqui, nestes vídeos, foi produzido durante a minha pesquisa de campo em 2019, junto com alguns moradores que fizeram questão de me mostrar alguns lugares da comunidade e de gravar os seus relatos. O mais legal da Antropologia é tentar entender como funcionam diferentes formas de pensamento, de racionalidades e justamente conforme suas próprias questões culturais! Como podemos construir novos olhares para a relação entre as pessoas e a floresta?!
O distrito de Tabajara pertence ao município de Machadinho d'Oeste, em Rondônia. Se você ler notícias sobre ele, talvez não entenda direito quem são essas pessoas.
Ele é um dos lugares em que desenvolvo a minha pesquisa de campo no que chamamos de "etnografia": eu passo um tempo nos lugares, convivo com as pessoas, entendo como as coisas funcionam, e depois, leio mais, estudo a bibliografia, e misturando tudo isso, consigo concluir as coisas que preciso para a minha tese. É um processo bem diferente de entrevista e de escrita, do que eu fazia quando era "jornalista". E eu amoooooooooo "complementar" o que eu faço com essas 2 técnicas!!!
Vem com a gente conhecer a Amazônia "de verdade", seus dilemas, desafios e embates, porque precisamos deixar essa discussão sobre a ***natureza*** muito mais complexa do que ela, do que você só tem visto em números e imagens de satélite no noticiário!!! Isso faz com que você não entenda nada e ache que isso não faz parte da sua vida. Mas não é bem assim...
Bora!?
#vemcomagente @conectamazonia_oficial
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