O Oriente Médio é um complicado jogo de xadrez. E mesmo um primata, como Donald Trump, descobriu que não pode fazer tudo o que quer. O porta-voz da Casa Branca disse, ontem, que os assentamentos judaicos, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, "talvez não sejam úteis para a paz". Trump foi visitado pelo rei Abdullah, da Jordânia. E daqui a duas semanas quem vai visitá-lo será Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel. Netanyahu estava tão entusiasmado com a eleição de Trump, que, para comemorar, anunciou a construção de 6 mil moradias em terras árabes. É o tipo de edificação que as Nações Unidas consideram ilegítimas e ilegais. Esse princípio foi reiterado no final de 2016, pelo Conselho de Segurança. Os assentamentos começaram em 1967, depois da vitória israelense sobre uma coligação militar árabe. Mas, hoje, 600 mil judeus moram em 140 assentamentos, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Essa política de ocupação imobiliária é um tiro no coração, do plano de dividir a região em dois Estados independentes, Israel e a Palestina. Netanyahu e a direita israelense são contra um Estado Palestino. Pois Donald Trump pensa intimamente do mesmo jeito. Mas se ele começar a comer milho nas mãos de Israel, ele vai se afastar dos países árabes moderados, como a Arábia Saudita, os emirados do Golfo ou a Jordânia. Ele precisa ter boas relações com esses países, caso pretenda enfrentar o Irã, que virou o inimigo da vez para a Casa Branca. Trump também sabe que, sem o apoio dos moderados, não conseguirá derrotar os terroristas do Estado Islâmico. Então, é bom que Trump desista do plano de transferir a embaixada americana para Jerusalém. Em Israel, funcionam 86 embaixadas, todas elas em Telaviv. Isso porque Jerusalém Oriental seria também a capital do projetado Estado Palestino. Tudo isso é muito complicado. E é bom que assim seja. Pelo menos, põe para funcionar a cabeça simplista do novo presidente dos Estados Unidos. É assim que o mundo gira. Boa noite.
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