Ainda não houve acordo entre fornecedores e laticínios no oeste de Mato Grosso. Cerca de 70% dos produtores da região seguem sem entregar leite para as empresas já que os laticínios se recusaram a pagar o valor acordado de R$ 1,37. O impasse vai completar 15 dias na próxima segunda-feira e ainda não há perspectiva para resolução.
Produtor na região oeste do estado, Edvaldo José Pereira diz estar insatisfeito com os laticínios. Como protesto, ele interrompeu a produção de 230 litros por dia e soltou as 26 vacas em lactação no pasto. Pela última entrega, ele recebeu R$ 1 por litro, o que mal dá para manter as despesas da casa. Para pagar as dívidas de custeio e investimentos, resolveu vender os bezerros.
“Aqui está o tanque de um produtor indignado com esse preço, com esse descaso, porque com esse preço de leite de hoje não dá para o produtor comprar nem meio quilo de ração com um litro de leite, como é que o produtor vai tratar de uma vaca sem aumentar o seu leite. Aqui minha ordenha parada, de um produtor que tem mais de vinte anos nessa luta, nesse sofrimento, eu tenho é três filhos para cuidar e uma esposa, esse foi um investimento para tirar leite mas de um preço justo, não de um preço desse injusto”, disse, indignado.
A região é considerada a maior bacia leiteira do estado, mas o impasse entre fornecedores e laticínios se estende há quase duas semanas. Na última reunião entre representantes dos dois lados, os produtores estabeleceram o valor de R$ 1,37 por litro para retomar as entregas. Já os laticínios ofereceram R$ 1,20 pelo litro do “leite quente” entregue em maio e R$ 1,30 pelo litro do resfriado, mais a bonificação de quantidade e incentivo de qualidade.P Para o produto entregue em junho, a indústria propôs um acréscimo de 5 centavos.
Os produtores aceitaram a proposta e um documento chegou a ser assinado pelas duas partes. No entanto, no início desta semana os laticínios voltaram atrás da decisão, o que gerou revolta por parte dos produtores.
“A gente fez o documento, mandamos para eles, antes deles assinarem o documento eles já começaram a mandar para os produtores de leite que já tinha acertado com a diretoria da Aplo o preço e que era para voltar a entregar leite. A gente, sem documento na mão, não iria voltar da paralisação, foi quando nesta terça-feira eles não cumpriram com o acordo que a gente tinha feito, temos a assinatura do representante dos laticínios no documento, mas a gente não sabe o que aconteceu entre eles e o motivo de ter dado esse passo para trás”, disse Luciano Guimarães, presidente da Associação dos Produtores de Leite da Região Oeste de Mato Grosso.
Para Edvaldo, falta ajuda do governo para socorrer a cadeia leiteira. “Tudo que nós vamos comprar é caro, tudo o que nós vamos fazer está difícil, então o produtor pede uma ajuda aos grandes políticos que estão aí em cima, porque isso aqui é um investimento alto, temos que fazer alguma coisa a curto prazo porque do jeito que está, fica difícil”.
❗Vídeo publicado em 12/06/20 no programa Rural Notícias
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