A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou mais uma data comemorativa sem relevância, desta vez para atacar a livre expressão de LGBT's: o dia de combate à "cristofobia" (sic). Essa legislação faz parte de um discurso desonesto, defendido há tempos por fundamentalistas ultra-conservadores, segundo o qual a defesa de direitos e liberdades civis para LGBT's configura uma forma de discriminação contra os praticantes do cristianismo.
A acusação de "cristofobia" (uma fobia que não existe) é absurda e aviltante. É evidente que gays, lésbicas, bissexuais, travestis e as pessoas trans não têm "fobia" de Cristo ou do cristianismo. Há, inclusive, muitos que praticam o cristianismo em diferentes igrejas, da mesma forma que há os que praticam outras religiões e também os ateus. Insinuar que a crítica dirigida aos discursos de ódio e preconceito contra os LGBT é uma crítica à religião é mais um ato de má-fé e desonestidade intelectual.
O que seria a "cristofobia"? Onde ela se expressa? Os que crêem em Jesus como Cristo não sofrem, no Brasil, discriminação nem violências físicas em função dessa crença; ao contrário, são tratados a priori como pessoas boas ou amáveis; o cristianismo é hegemônico não só culturalmente, como mostram os feriados ligados ao calendário litúrgico e a onipresença de símbolos do cristianismo em repartições públicas, em detrimento dos símbolos das demais religiões praticadas no Brasil, mas também goza de imunidade tributária e incentivos fiscais por parte dos governos.
A lei aprovada pela Câmara Municipal mira na comunidade LGBT, mas pode em pouco tempo ter como alvo também a comunidade judaica, já que os judeus não acreditam que Jesus seja o Cristo nem o Messias; logo, essa tal "cristofobia" não passa do velho antissemitismo disfarçado. Se há hoje, no Brasil, religiosos perseguidos e discriminados, estes são os das religiões de matriz africana (Candomblé, Umbanda e Batuque).
O fato de a Câmara Municipal ter aprovado essa lei mostra o quanto o poder legislativo está assolado pela má fé e pelo banditismo; porque falar em "cristofobia" é também levantar uma cortina de fumaça que permita aos vendilhões do templo continuar explorando comercialmente a fé das pessoas e lhes vendendo falsos milagres ao arrepio da lei e da ciência.
Por detrás desses projetos absurdos estão aqueles pastores conhecidos por pedir a senha de cartões de crédito nos cultos e praticar lavagem de dinheiro usando as igrejas. Isso não é fé, é má fé. Eles buscam confundir as críticas que recebem com suposta aversão à religião e, ao mesmo tempo, associar todas as pessoas religiosas a seus discursos de ódio. Seu verdadeiros interesses não são religiosos, mas políticos e econômicos. [O vídeo que acompanha esta postagem foi registrado em Agosto de 2015, época em que o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) apresentou na Câmara dos Deputados um projeto de lei, impulsionado pelo agora réu no STF Eduardo Cunha, para criminalizar essa fantasia imaginária que decidiram chamar de 'cristofobia'. As imagens foram feitas pela Priscilla Ricarte Torres]
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