Minha vida sempre foi marcada por desafios. Desde muito jovem, aprendi a carregar responsabilidades que a maioria das pessoas não entenderia. Quando minha irmã, Carolina, me abandonou com seus filhos, eu não hesitei. Não fiz questionamentos, não pensei nas minhas próprias limitações. Apenas agarrei o que era necessário. O que me foi imposto. Criar Lucas e Lara, os gêmeos de apenas cinco anos na época, não foi fácil. Não, longe disso. Mas eu nunca me arrependo. Nunca. Cada sorriso deles, cada palavra aprendida, cada passo dado, era como um pequeno triunfo diante de tudo o que estava acontecendo.
Lidar com o cansaço, a falta de dinheiro, a pressão social de ser uma mãe substituta, tudo isso virou uma rotina insustentável, mas ao mesmo tempo, era a minha realidade. Eu fazia o que tinha que fazer. Eles eram o meu foco, e eu estava decidida a ser a mãe que faltou para eles, mesmo sabendo que, na verdade, isso nunca seria o suficiente. Cada vitória deles, no fundo, me dava uma paz temporária. Eu sabia que estava fazendo o certo. Mas o peso era grande, muito maior do que as pessoas poderiam imaginar.
E sempre havia os olhares, as perguntas disfarçadas de curiosidade, as críticas silenciosas.
