Vamos falar da Síria e do Iraque. Não são mais dois países separados, no mapa do Oriente Médio. Um pedaço de cada um deles está em poder do Estado Islâmico, um grupo ultra-extremista. A novidade está agora na possibilidade de os Estados Unidos se aliarem à ditadura síria para combater esses malucos, que na semana passada decapitaram o jornalista americano James Foley. Essa foi apenas a ação mais espetacular do grupo, agora acusado pela ONU de promover a limpeza étnica e confessional nos territórios que controla. O Estado Islâmico colocou de pernas para o ar a pseudo-democracia que os americanos tentavam construir no Iraque. O grupo se aliou aos radicais sunitas para acabar com a hegemonia dos xiitas naquele país. Uma aliança implícita entre Barack Obama e o ditador sírio, Bashar al-Assad, seria uma das maiores ironias da recente dramaturgia internacional. Obama inicialmente apoiou os rebeldes que tentavam depor Assad, nesse jogo desastrado que os ocidentais chamavam de primavera árabe. Ajudados pela Rússia, os Estados Unidos conseguiram que a Síria destruísse seus arsenais de armas químicas. Mas a Guerra Civil na Síria já deixou 191 mil mortos. Na maioria civis, em aldeias e bairros que Assad bombardeou para punir os simpatizantes dos rebeldes. Assad tem vantagens como parceiro que o Estado Islâmico jamais teria. O ditador é sanguinário, mas protege os cristãos e outras minorias religiosas. Ele é apoiado pelo Irã. Mas os americanos já trocam figurinhas com o regime islâmico dos aiatolás, para apagar o incêndio do Iraque. De concreto, até agora, há uma declaração do chefe do estado-maior conjunto dos Estados Unidos, que defende o bombardeio de bases militares dos extremistas na Síria. O Pentágono diz apenas que vai sobrevoar essas bases para mapear o potencial militar que elas têm. Mas daí a um bombardeio de verdade, é um simples pulinho. Obama não tem outra alternativa, e enfiará novamente a mão no barro. É assim que o mundo gira.
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