O RETRATO DO CUMPADI
Autor: Edimar Silva
Meu cumpadi tirou um retrato
Prá ele eu fui perguntá:
Meu cumpadi, ficô bão o retrato?
Ele falô: ruim num pudia ficá
Óia prá eu, vê o aparato
Modelo bão só faiz ajudá.
Resorvi estudá esse caso
Pedi prá vê a tar fotografia
E fiz isso num foi por acaso
Já que o cumpadi tem a mania
Fala que é fundo rio que é raso
E engabela com veiacaria.
Vi no retrato as orêia de abano
Se cai do arto o cumpadi avoa
Na cabeça desce aeroplano
Tem pôco cabelo e a pista é boa
As venta aberta veve fungano
E se assopra empurra canoa.
Naquela boca cabe forgado
Uma rapadura e muita farinha
Um zóio é aberto e o ôtro fechado
Arguma coisa na mira ele tinha
Pensei um pôco e fiquei invocado
Achei que piscava prá minha Zefinha.
Chamei, cumadi, óia essa careta
Prá que serve isso, vê se desata
Ela falou, um dia deu na veneta
A serventia pr’isso me bateu na lata
Deixei um retrato em cada gaveta
Deu tudo certim, sumiro as barata.
