"HONRA TUPINAMBÁ"
Coreógrafo
Carlinhos de Jesus
O ritual se inicia com a chegada dos membros da tribo, batendo de forma firme e ritmada seus pés
no solo. Sob as ordens do Pajé, tem início o “banquete da vingança”, com o prisioneiro capturado
assumindo lugar de destaque na cerimônia. Este prisioneiro, por sua vez, reconhece o caráter
sagrado daquele momento, acreditando ser uma honra morrer consumido por seus rivais. Antes de
qualquer coisa, trata-se de um ritual festivo. Enquanto aguarda o momento que vai se tornar
alimento, o prisioneiro é bem tratado. O Pajé lhe oferece algumas jovens para ele se satisfaz er
sexualmente, provando a hospitalidade dos captores. De fato, não apenas pela hospitalidade, mas,
sobretudo, pela desonra que seria retornar à própria tribo sem ser devorado, o prisioneiro não
fugiria. Todavia, na performance ritual que unia os povos Tupis, ele encena uma fuga, mas, para
onde correr, sempre encontrará um membro da tribo captora, que, sob as ordens do Pajé, impedirá
sua passagem. A cena acaba quando os guerreiros, novamente seguindo as ordens do Pajé, laçam
o “prisioneiro fujão” pela cintura, trazendo-o novamente para o centro da cerimônia.
É de repente. Sem aviso. Rápido. O golpe fatal é desferido pelas costas, na nuca do prisioneiro,
que subitamente desfalece. Os guerreiros aparam o corpo já sem vida, entregando-o para as
mulheres da tribo. Para os Tupinambás, elas eram parte fundamental da cerimônia, preparando o
cadáver que servirá de alimento. Em nossa encenação, elas levam o corpo até o pajé, e,
reconhecendo a sacralidade do alimento, elas o erguem aos céus e o abaixam três vezes. N a sequência, o Pajé degola o prisioneiro, apresentando a cabeça. O restante do corpo é distribuído
pelas mulheres aos demais membros da tribo, que consomem a carne de seu rival. É o fim da encenação. O ritual antropofágico está terminado, mas, na verdade, todos sabem que não acabou.
A tribo rival aguarda a sua oportunidade. O infindável ciclo de vingança será renovado!
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