Este vídeo aborda o conceito de "Pessoas criam segurança", debatendo a ideia de que a segurança é construída no momento da execução das tarefas e demonstrando que todos, desde o projetista da instalação até a alta gestão, são responsáveis por construir a segurança das atividades.
Sobre o autor: Sou Rodrigo Paiva de Castro, psicólogo. Trabalho há 12 anos com Projetos de Aprimoramento da Cultura de Segurança, investigação de acidentes e desenvolvimento da Nova Visão de Segurança e Fatores Humanos.
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TEXTO DO VÍDEO:
Se você trabalha na indústria, já deve ter visto essa frase:
"É o trabalhador, com a sua atitude ao fazer a tarefa, que cria segurança. É ele a barreira capaz de impedir a maior parte dos acidentes na indústria."
Muita gente, inclusive bons profissionais de segurança, concordaria sem pensar duas vezes com essa frase. Eu mesmo já trabalhei em campanhas de segurança que tinham esse foco. Mas com o tempo fui percebendo que ela esconde problemas sérios.
O que tem de errado com essa frase não é o que ela diz, é tudo que ela omite. É o quanto ela transfere de responsabilidade por decisões que foram tomadas e por omissões que foram feitas em todos os níveis da empresa para as costas do executante, que é o último e mais visível elemento da cadeia de trabalho.
Se o projeto da minha indústria é ruim, se não foram previstas barreiras e proteções adequadas, quem vai ter que enfrentar o risco que ficou e fazer a segurança acontecer lá na hora é o executante.
Se o equipamento instalado não foi bem planejado para ser manutenido, e ao intervir nele o técnico inevitavelmente tem que se colocar em risco, quem vai ter que segurar a onda é o executante.
Se as condições na hora de fazer a tarefa não são as melhores, tem sobrecarga de atividades, pressão de tempo ou pressão de resultado, quem tem que dar jeito de fazer acontecer com segurança no meio disso tudo é o executante.
Se falta gente para ajudar na tarefa e tudo tem que ser feito com quem está ali na hora, quem tem que dar conta é o executante.
Se as ferramentas, peças e insumos não são os melhores, quem tem que se virar com o que tem e ainda assim fazer com segurança é o executante.
O que aquela frase esconde, então, é que a segurança na atividade é resultado de uma porção de decisões de uma porção de pessoas, algumas delas bem distantes no tempo e no espaço do momento que a atividade é feita. Mas muitas delas com responsabilidades bem maiores no resultado de segurança que o executante. Decisões tomadas durante o projeto da instalação permanecem tendo efeito durante toda a vida dele, assim como as decisões na construção e montagem, no comissionamento, ou as decisões de investimentos.
Eu não tenho medo nenhum de dizer que a maior parte da segurança é construída antes do primeiro operador entrar na fábrica. Mas não só. Decisões tomadas na gestão do dia a dia, como prazos, prioridades, quem faz o quê e quando, também definem muito das condições de segurança das tarefas.
Eu não estou querendo dizer com isso que o executante não tem responsabilidade pela segurança da atividade, porque obviamente ele tem, e muita. Mas é uma questão de perceber que para ele sobra a soma das nossas incapacidades nas fases anteriores. Sobra todo o risco que a gente não conseguiu eliminar, substituir, controlar ou proteger. Recai sobre as costas dele a obrigação de ser a salvaguarda de todas as nossas escolhas, dos nossos erros e omissões. De todas as falhas do sistema, que nunca é perfeito.
Quando a gente fala que pessoas criam segurança o que a gente quer dizer é que é preciso reconhecer esse mérito dos executantes, e não transferir ainda mais peso para as costas deles por possíveis erros e acidentes. É preciso reconhecer que na maior parte das vezes as coisas dão certo porque eles fazem dar certo, porque eles conseguem manobrar por entre as falhas do sistema e condições do momento para produzir os resultados. E também é para fazer pensar em como cada um de nós, do ponto que ocupa no sistema, também tem responsabilidade por criar segurança para aqueles que estão lá de frente para o risco. Fazer pensar em como cada um de nós pode colaborar para tornar a atividade mais segura.
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