TAINÁ ACORDOU ANTES MESMO DO SOL NASCER. OS PRIMEIROS RAIOS DE LUZ AINDA TÍMIDOS SE INFILTRAVAM PELAS FRESTAS DA JANELA, PINTANDO O QUARTO SIMPLES COM TONS ALARANJADOS. O VELHO DESPERTADOR NA CÔMODA MARCAVA CINCO E MEIA, MAS A ANSIEDADE JÁ A HAVIA TIRADO DO SONO HÁ PELO MENOS UMA HORA. ERA SEU PRIMEIRO DIA NO NOVO EMPREGO, E ELA SABIA QUE NÃO PODERIA SE ATRASAR.

"VOCÊ VAI SE SAIR BEM, MINHA FILHA", DISSE DONA FILOMENA, COM A VOZ BAIXA, MAS FIRME, ENQUANTO COLOCAVA O CAFÉ NA MESA DA PEQUENA COZINHA. APESAR DA IDADE AVANÇADA E DA SAÚDE FRÁGIL, A AVÓ DE TAINÁ SEMPRE MANTINHA A POSTURA DE UMA MULHER FORTE, ALGO QUE A JOVEM ADMIRAVA PROFUNDAMENTE.

"TOMARA, VÓ. PRECISO FAZER TUDO CERTO. ESSE TRABALHO É NOSSA CHANCE DE SAIR DESSA PINDAÍBA", RESPONDEU TAINÁ, ENQUANTO PASSAVA MANTEIGA NO PÃO COM AS MÃOS LIGEIRAMENTE TRÊMULAS. SABIA QUE O EMPREGO COMO FAXINEIRA NA MANSÃO DOS ALBUQUERQUE NÃO ERA ALGO GLAMOROSO, MAS ERA A OPORTUNIDADE DE GARANTIR REMÉDIOS PARA A AVÓ E TALVEZ, QUEM SABE, GUARDAR UM POUCO PARA REFORMAR A CASINHA.

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