O aumento dos juros básicos tem impacto direto pra boa parte da população. Quem tem dinheiro para aplicar ganha mais. Já quem está endividado, precisando de empréstimo, do crediário, tem de encarar custos maiores. E custos que têm subido bem mais que a taxa básica. Nas aplicações é importante comparar o ganho líquido das várias opções, descontando o imposto, que varia em função do prazo, e outros custos, como a taxa de administração nos fundos de investimento. Nessa comparação, a caderneta tem perdido, daí o volume pesado de saques nos últimos meses. Pra quem vai assumir uma dívida, a pesquisa deve ser no sentido de buscar linhas mais baratas, como o consignado, evitando as que têm juros altos demais, como o cheque especial e o rotativo do cartão. Se já está com essas dívidas em aberto, o melhor é tentar escapar o mais rápido possível. Até porque, os juros devem subir mais. Ainda é esse o recado do Banco Central, que quer a inflação no centro da meta até o final do ano que vem, derrubando mais a demanda. Demanda que já vem caindo por vários fatores, como a inflação, o próprio aumento dos juros, dos impostos e o desemprego, que ganhou força nos últimos meses. E aí está o efeito mais arriscado da elevação dos juros. Enfraquece mais ainda a demanda, a atividade e pode aprofundar a recessão. Com um detalhe: pode não ter o efeito esperado do lado da inflação, já que não temos inflação só de consumo, mas também pelo dólar mais alto, pelo tarifaço e outros aumentos que continuam pipocando, como de água, planos médicos e até loteria. Essa determinação em derrubar a inflação via aumento dos juros pode colocar o País em uma trajetória ainda pior. E com um outro efeito colateral que preocura: aumenta demais a dívida pública, o que dificulta a estratégia do governo de recuperar credibilidade com o ajuste das contas públicas. O esforço pra gerar um superávit das contas é pra mostrar que o Brasil tem como bancar a dívida. Mas se a dívida não para de crescer, acaba engolindo toda a economia que está sendo feita. Economia garantida por medidas, como o corte de investimentos, que comprometem mais a atividade econômica, a geração de impostos, dificultando a capacidade de o governo gerar superávits, pra pagar a dívida. É bom ver o Banco Central cuidando de derrubar a inflação, Mas preocupa a dose e os efeitos do remédio. Eu volto segunda. Até lá.
Ещё видео!