O atentado de Manchester traz uma lição importante. Nos últimos quatro anos, os britânicos fizeram de tudo para limitar a entrada de refugiados árabes. Fecharam as fronteiras por dois grandes motivos. O primeiro era não deixar crescer no país a comunidade muçulmana. Ela não chega a 5 por cento, numa população de 64 milhões de habitantes. São sobretudo paquistaneses. O Paquistão fazia parte da Índia, que pertencia ao império colonial britânico. O segundo motivo para fechar as porteiras estava no medo do terrorismo. Esses assassinos poderiam se infiltrar entre os refugiados. Mas a precaução de nada adiantou. O terrorista que se explodiu ontem à noite em Manchester, Salman Abedi, nasceu na Inglaterra. Ele não veio do oriente médio. Também tinha nascido na Inglaterra Shehzad Tanweer, chefe do grupo de quatro terroristas, que explodiu bombas no metrô de Londres, em 2005, deixando 52 mortos e 780 feridos. Até o atentado mais recente, há exatamente dois meses, com o atropelamento que matou quatro, diante do parlamento, em Londres, foi praticado por um cidadão britânico, Khalid Masood. Vejam então que não adianta impedir a entrada dos muçulmanos. O que dá resultados é o monitoramento do extremismo, que nasce dentro do país, em mesquitas radicalizadas. Essas operações de inteligência têm funcionado na Alemanha, na França e nos Estados Unidos. Os britânicos também se esforçam. A polícia é competente, mesmo se raramente os policiais carreguem armas de fogo. Eis que o governo anunciou um plano para comprar armas para mil policiais. E contratou mil e novecentos novos agentes para trabalharem no m15, que é o serviço de inteligência interna. Mas nada disso taparia um outro buraco importante. O governo britânico nunca levou a sério a cooperação com os países europeus no combate ao terrorismo. Agora, saindo da União Europeia, essa cooperação deixa completamente de existir. E o Reino Unido ficará mais vulnerável. É assim que o mundo gira. Boa noite.
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