Vamos hoje falar dos cristãos e da chamada primavera árabe. Para as maiorias muçulmanas, que queriam democracia, foi apenas um sonho. Mas para as minorias cristãs, tem sido um imenso pesadelo. Vejamos alguns exemplos. Na Síria, as quatro principais milícias da Guerra Civil são muçulmanas, e têm atacado enclaves cristãos e incendiado igrejas, como em Maaloula, ao norte de Damasco. Os cristãos eram uma minoria protegida pela ditadura de Bashar al-Assad. Não tinham poder no regime, e acabaram virando bode expiatório. O patriarca da Igreja Ortodoxa disse recentemente que mais de mil cristãos já morreram na Guerra Civil. No Egito, os cristãos são estigmatizados pelos sunitas radicais e até por moderados da Irmandade Muçulmana. Os cristãos totalizam um décimo da população, e tendem agora a se aliar à ditadura dos militares. Não querem a volta do presidente islâmico Mohammed Mursi, que foi deposto em julho, porque ele, durante o ano que passou no poder, favoreceu a repressão religiosa. Na Líbia, o regime muçulmano que se instalou após a queda do ditador Muhamar Ghadafi mantêm o islamismo como única religião permitida. Este ano, radicais tolerados pelo atual governo queimaram um local em que cristãos se reuniam, e a polícia prendeu quatro evangélicos por suposto proselitismo religioso. Existem países em que os cristãos são respeitados e têm até muito poder. É o caso do Líbano, do Iraque, do Marrocos ou da Argélia. Fora do mundo árabe, mas ainda muçulmano, a situação é delicadíssima no Paquistão. Cinco dias atrás, um atentado matou 80 cristãos. Foi um grupo suicida, que atacou uma igreja na cidade de Peshawar. No Afeganistão, bem antes que o Talebã tomasse conta do país, nos anos 90, cristãos só podiam se reunir em casas de família e a portas fechadas. Era, e ainda é, uma espécie de cristianismo clandestino.A questão não é de saber se os cristãos nesses países são de esquerda ou de direita, se são bonzinhos ou se são pérfidos. O que eles precisam são condições para exercer a liberdade religiosa. É o mínimo que eles podem exigir. É assim que o mundo gira.
Tema: Religião
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