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O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade esta terça-feira, em Nova Iorque, o envio de militares da União Europeia (UE) para reforçar a segurança na República Centro-Africana, onde um conflito de caráter religioso e étnico se arrasta com graves consequências há largos meses.
Na linha da decisão tomada há cerca de uma semana pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28, entre eles o português Rui Machete, o reforço agora aprovado pela ONU prevê o envio para a Bangui de até mil militares da UE. Estes vão juntar-se aos 1600 franceses já no local desde meados de dezembro e aos cerca de 4 mil homens da força disponibilizada pela União Africana, a Misca, que também vai aumentar o contingente para 6 mil.
O reforço vai permitir alargar o perímetro de ação das forças de paz, que até agora se tem revelado insuficiente para evitar os confrontos entre as fações rivais. O embaixador francês na ONU mostrou-se agradado pelo voto favorável do Conselho de Segurança. "Nós, realmente, precisamos deste reforço pelas forças europeias. O atual contingente militar que temos em Bangui está limitado à proteção das cerca de cem mil pessoas que se refugiaram no aeroporto", afirmou Gérard Araud, em Nova Iorque.
A força europeia destacada para a Republica Centro-Africana, a primeira desta envergadura da UE desde há seis anos, vai ser liderada pelo major-general francês Philippe Ponties. A operação vai agora começar a ser planeada e tem um prazo de duração previsto de seis meses, desconhecendo-se para já quais os países que vão disponibilizar militares para a executar.
Na República Centro-Africana foram vistos, entretanto, rebeldes do grupo islâmico Séléka a abandonar uma base de operações que detinham no sul da capital Bangui. Casas que pertenciam a famílias muçulmanas foram saqueadas e algumas até destruídas por apoiantes das milícias cristãs. Para trás, as forças rebeldes islâmicas deixaram variado armamento pesado.
Um dos principais problemas que não dá tréguas neste conflito e tende, aliás, a agravar-se é o humanitário. Nomeadamente no aeroporto, para onde fugiram cerca de 100 mil pessoas que ali se mantém sob proteção do grosso do contingente militar francês em Bangui. As condições de vida estão a deteriorar-se no local e isso acentua as preocupações da ONU.
Desde que o conflito na República Centro-Africana estalou em março do ano passado, quando um golpe de Estado conduzido pelo movimento islâmico Séléka substituiu o presidente François Bozizé por Michel Djotodia, cerca de mil pessoas foram mortas e quase um milhão viram-se obrigadas a fugir das respetivas casas.
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