A sociologia de Florestan Fernandes inaugura um novo estilo de pensar a realidade social brasileira, o que faz dele um dos grandes pensadores do século XX. Além de sua notoriedade acadêmica, Florestan era um militante socialismo, colocando em permanente relação diáletica a elaboração teórica e a atuação politica. Em “A Revolução Burguesa no Brasil” - livro escrito inicialmente para ser uma resposta intelectual ao fenômeno do golpe de 1964 - Florestan acaba por escrever uma primorosa obra onde procura compreender não apenas os fatores de mudanças sociais no Brasil, mas também os fatores de resistência à mudança e aos chamados “bloqueios estruturais”. A revolução burguesa teria conduzido o Brasil, portanto, à transformação capitalista, mas não à esperada revolução nacional e democrática. É na ausência de uma abrupta ruptura com o passado que a monopolização do Estado brasileiro pela burguesia se concretiza enraizado no modelo autocrático e da “democracia restrita” por várias vezes ao longo do século XX. Ainda que escrita há quase 50 anos, a atualidade da obra surpreende. O que nos leva a perguntarmos: o que faz da revolução burguesa no Brasil um fenômeno tão peculiar?
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