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Jornal A Nova Democracia — [Texto, edição e imagens de Arthur Moura] — “Na noite de ontem, dia 27 de outubro, mais uma vez as forças coercivas do Estado (neste caso a Guarda Municipal e a Polícia Militar) se pautaram por inviabilizar uma manifestação cultural popular que vem sendo posta em prática por boa parte do movimento Hip Hop no Rio de Janeiro a saber, as rodas culturais. A polícia chegou na roda Catete, Glória e Lapa por volta das 19h e levou uma das pessoas que filmava a presença da polícia detida para a recém-reaberta 9ª DP (Catete). Isso fez com que o público e os MCs realizassem a roda em frente à delegacia como resposta à censura ao evento e à detenção do fotógrafo e cinegrafista Mujica Salinas, da Mídia Independente e Coletiva (MIC) e do Grito Filmes.
A Roda Cultural Catete, Glória e Lapa é um evento independente (independente do Estado e da dinâmica de mercado do capital) que vem sendo realizada no bairro da Glória com o intuito de unificar e fortalecer a cena cultural da região utilizando para isso a cultura Hip Hop como elemento político. A roda é frequentada por jovens e adultos, pessoas atuantes na cultura rap ou não. É frequentada também pelos moradores de rua, transeuntes, etc. A roda é uma opção gratuita não só de divertimento, como também um espaço que proporciona encontros e infinitos desdobramentos a partir daí.
Espaços como a Lapa, por exemplo — por uma presença constante dos agentes de repressão da Operação Lapa Presente — visam unicamente servir a um modelo de cidade que não preza pelos interesses de seus habitantes, mas pelo mercado do turismo e da cidade-empresa controlada por um segmento privilegiado. Por isso, espaços como as rodas culturais são necessários como formas alternativas de utilizar os espaços públicos. É, portanto, imprescindível que o próprio movimento que ocupa as ruas compreenda qual modelo de cidade existe e qual pretendemos pôr em prática em nossas ações.
A polícia e todo o aparato repressivo aí está para fazer cumprir a ordem. A ordem do capital. A ordem do privado. E nisso percebemos que toda e qualquer manifestação que se contraponha ao que aí está torna-se um problema para o Estado. As rodas culturais estão inseridas numa dinâmica de disputa política. A repressão que houve na noite de ontem faz parte da dinâmica da cidade-empresa, da cidade feita para as mercadorias e não para as pessoas. A cultura Hip Hop precisa colocar este debate como forma de provar o que ali se realiza, ou seja, cultura e produção a todo momento, ao mesmo tempo em que assume seu antagonismo com relação ao que está estabelecido. A cultura é uma ferramenta de luta, é uma arma em nossas mãos.”
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