Lajes -- 2 de Março 2012 -- Cantoria -- Sociedade Nova
Cantadores:
João Leonel
José Eliseu
Maria Clara
Fábio Ourique
Uma assistência de cerca de 120 pessoas, presenciaram uma noite de Cantoria que começou de uma forma brilhante.
Maria Clara enfrentou com valentia, determinação, concentração, poesia, aprumo e resposta pronta, um veterano da improvisada poesia cantada que dá pelo nome de João Leonel, mais conhecido por Retornado.
Adjectivámos, positivamente, em relação a Maria Clara porque, já há algum tempo, temos vindo a colocar, aqui nestas páginas, algumas críticas e comentários acerca dos seus últimos desempenhos que, na nossa opinião, não têm vindo a corresponder às suas reais capacidades. Nas Lajes, voltámos a ver uma Cantadeira inspirada como já há algum tempo não víamos e, continuamos a referir que, Maria Clara, se quiser e tiver quem a apoie, terá de novo lugar no pódio, coadjuvada pelas mais brilhantes figuras do nosso canto popular.
João Leonel levava bem organizado o seu trabalho de casa e, com mestria, improvisou lindos e bem rematados poemas cantados.
Gostámos, aplaudimos e obsequiamos os intervenientes com o reconhecimento de um trabalho bem consumado.
Seguiu-se Fábio Ourique e José Eliseu que brindaram o público com belas e inspiradas quadras e sextilhas.
Começamos a ver um Fábio com ambição para voos mais altos ou, se calhar, sentimos isso nas suas últimas actuações. Vemos um Cantador (e que nos perdoem se estivermos errados) com vontade de triunfar, com garra para lutar, com determinação para ir em frente mas, e isto não diz respeito apenas ao Fábio, há algum trabalho de casa a ser desenvolvido.
Cada vez mais a Cantoria é uma arte de palco, de teatro e de público, algo diferente das Cantorias de há alguns anos atrás. O público ouve, bebe e medita o que é dito, o que é cantado e o que é apresentado em palco. O Cantadores não podem ficar alheios a esta realidade. Tem que haver organização e trabalho em conjunto para que o que é apresentado tenha cabeça, tronco e membros, para o que é visto e a mensagem que é transmitida seja precisa e objectiva, para que haja conteúdo e para que as Cantorias sejam recheadas de belos e históricos poemas.
Os novos Cantadores, onde o triunfador Fábio se inclui, têm uma responsabilidade carregada de verdadeira conquista histórica.
Fábio voltou ao palco para cantar com Maria Clara.
Para Maria Clara não correu como a sua primeira intervenção com João Leonel e Fábio Ourique também não debitou a sua actuação com José Eliseu. Tudo o que foi atrás dito completa qualquer comentário que pudéssemos fazer.
Devido a ter começado tarde esta Cantoria, já ia alta a noite quando José Eliseu e João Leonel subiram ao palco.
Foram 40 minutos daquilo a que, desculpem-me a ousadia e, se calhar a indelicadeza, mas costumo designar de "Dança de Espada", porque de tristezas já basta a nossa vida. Não vamos, nem devemos ignorar a realidade da nossa vivência, mas à uma da manhã visitar um museu de quadros negros é, de certo modo, deprimente.
Tivemos de seguida uma Desgarrada "rapidinha" porque a hora assim o recomendava.
Foi uma noite com pouco público porque, não podemos ignorar que, quem chama mais público aos nossos salões e arrais é, indiscutivelmente, Bruno Oliveira que, segundo nos confirmaram, não teve possibilidade de estar presente.
Apesar de pouca audiência foi, admitimos, uma noite onde se ouviram bem elaboradas e poéticas quadras e sextilhas.
Fernando Pereira
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