DÉBORA DE OLIVEIRA | GRENAL na laje (2013)

Prepare o churrasco, leve as bebidas para o gelo, junte a família e coloque as cadeiras de praia na varanda. Se você tiver uma vista privilegiada não vai nem precisar se preocupar com ingresso, trânsito, estacionamento lotado, fila para ir ao banheiro, comida cara. É ali, no conforto de casa, que o espetáculo se apresenta de graça mesmo, mas com a mesma graça de quem vai a campo.

Imaginou?! É assim que o pessoal da Zona do Cemitério se reune a cada encontro da bola no Estádio Centenário. Foi com eles que tive o privilégio de assistir o grenal neste domingo em Caxias do Sul. Sempre olhava aquela galera reunida, misturada em cores e vibrando como se estivesse na arquibancada mesmo...e ontem pude matar minha curiosidade.

Fui até lá viver com eles um dia de jogo.

Incrível o respeito entre a vizinhança. Que se unem entre azuis e vermelhos, sempre respeitando as escolhas adversárias e levando a campo uma rivalidade sadia em meio a felicidade de ver de perto o time que torcem. É ali, entre um ufa e outro, um quase gol e um chute certeiro, que reina a verdadeira essência do futebol visto da simplicidade que ele representa.

Em uma única tarde, aprendi que um podia cantar o tempo todo enquanto o outro, esperava em silência sua vez de vibrar. Aprendi que a festa do gol de um, era respeitada pela certeza de que o outro teria sua vez de comemorar. Aprendi que eles se orgulham de cantar tão alto quanto quem está proximo ao alambrado, e que a energia deles chega tanto ao estádio quanto a de quem está do ladinho das quatro linhas.

Um lugar onde gremistas e colorados, juntos, nem pensam em diferenças. São iguais no tratamento com os amigos que foram chegando, os que eles sequer conheciam e os que nunca tinham visto de perto, como foi o meu caso.

Em meio a volta do chimarrão, o refrigerante geladinho, um buzinaço da corneta e um tremular da bandeira, todos estavam pela festa de estarem juntos, e não apenas pelo placar.

Em campo, dois a dois. Fora dele, uma goleada de receptividade e harmonia entre cores e amores.

Desci a serra com o coração cheio de orgulho, de ter visto um jogo que não valorizou apenas os dribles, passes e defesas indefensáveis. Vi uma partida onde estar junto, e conviver com o respeito as cores rivais, vale tanto quanto uma goleada.

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Débora de Oliveira assiste Grenal na laje 21/10/13.

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