Villa-Lobos compôs o ciclo de nove "Bachianas Brasileiras" nas décadas de 1930 e 1940. Ele mesmo dizia que sua intenção era “universalizar a música de Bach através do folclore”. Muitas delas se tornaram parte incontornável do repertório. Em boa medida, definem o que pode ser a música brasileira de concerto – aos olhos do mundo e de nós mesmos.
O “Trenzinho do Caipira”, das "Bachianas nº 2", toca num nervo de nossa identidade mais funda. Ao mesmo tempo arcaica (o caipira) e moderna (o trem), nos faz vibrar com a ideia de uma cultura brasileira, calcada na tradição e no conhecimento, mas também na experiência popular.
Villa-Lobos, desde sempre, tem sido um mestre-pai-irmão-amigo de todos nós. Sua música faz parte da história da Osesp, jamais deixará de estar presente nos concertos. E não dá para tocar essa música sem lembrar que estamos na antiga Estação Sorocabana, hoje Sala São Paulo, e ao lado da Estação Júlio Prestes. O "Trenzinho” é um verdadeiro emblema sonoro da Orquestra e da Sala.
Interpretado pelos músicos da Casa, cada um na sua casa, regidos à distância por Thierry Fischer, ele vai aqui, em especial, para todos os profissionais na linha de frente do combate à Covid-19 e, também, como expressão de solidariedade e conforto, para todos que sofrem a angústia de ter parentes e amigos isolados em tratamento hospitalar, e todos que perderam entes queridos durante a pandemia. Estamos juntos neste momento. É isso, também, o que nos diz a música de Villa-Lobos, ressoando como nunca no coração de cada um de nós.
Arthur Nestrovski (Diretor Artístico) e Marcelo Lopes (Diretor Executivo)
Fundação Osesp
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