Touriga Nacional
É uma casta portuguesa, com certeza.
Hoje já se tem certeza também que ela nasceu no Dão e não no Douro, onde ficou famosa.
A uva dominava os vinhedos do Dão até o século 19.
Depois disso veio a fase de substituição por variedades mais produtivas e chegou aos anos 70 com apenas 5% dos vinhedos.
No ano de 1900 Cincinato da Costa, escreveu no livro O Portugal Vinícola, que no século 19, 90% dos vinhedos do Dão eram plantados com esta uva, chamada Tourigo ou Preto Mortágua.
Nome de duas vilas do Dão.
Nos anos 60 o centro de estudos vitivinícolas do Dão, sob a batuta do diretor engenheiro Alberto Vilhena, já havia provado em estudos a grandesa da Touriga Nacional.
Ele sugeriu que os vinhos do Dão deveriam ter no mínimo 20% de Touriga.
Mas mundialmente a Touriga Nacional é conhecida pelos vinhos produzidos no Douro.
Quem deu uma contribuição significativa para isso, nos idos dos anos 70, foi o José António Rosas e seu sobrinho, o grande João Nicolau de Almeida, que estudou em Bordeaux com Émile Peynaud, com Jean Riberou Gayon e ainda passou pela universidade de Davis na Califórinia.
Como se tudo isso não bastasse, ainda é da Família Ramos Pinto e filho do criador do maior ícone de Portugal, o Barca Velha.
Numa conversa pela internet, ele me contou como era provar o Grande Barca Velha em Casa.
Pessoalmente ele me falou com simplicidade sobre os vinhos do Douro.
João Nicolau de Almeida e António Rosas, fizeram um estudo de seleção de castas para a produção de vinhos do Porto, e claro, a Touriga renasceu.
Eles fizeram muitas micro vinificações e acabaram chegando a conclusão, no ano de 1981 que a Touriga era uma das 5 melhores uvas para a produção de vinhos do Porto.
A Touriga está diretamente ligada aos vinhos do Douro.
Assim como as velhas vinhas com variedades misturadas...
Os vinhos elaborados com a touriga apresentam aromas frutas negras, violeta, bergamota, bastante corpo, taninos e acidez.
Hoje a Touriga é nacional, está em todas as regiões e Portugal e virou internacional, com varietais na Austrália, nos Estados Unidos, na Argentina e até no Brasil.
E pasme, ela é uma das 6 uvas aprovadas em Bordeaux, na tentativa de enfrentar o aquecimento global.
Depois de muita pesquisa, o instituto nacional de origem e qualidade da agricultura da França, chegaram a conclusão que as novas castas são mais resistentes a altas temperaturas e serão importantes para a manutenção do estilo bordalês.
As novas uvas podem entrar nos cortes a partir deste ano, com no máximo 10% do blend e não podem passar de 5% da superfície plantada.
Quem conhece o mundo do vinho, sabe que para entrar para o seleto grupo das uvas de Bordeaux é preciso ser muito grande.

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