Uma série de mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil mostra que o ex-juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro, orientou ações do Ministério Público Federal no âmbito da operação Lava Jato. Os diálogos no aplicativo Telegram foram obtidos, segundo o site, por uma fonte anônima que compartilhou o material e antes que acontecesse a invasão nos celulares dos envolvidos.
Para o cientista político Rafael Cortez existem três tipos de análise para o tópico do vazamento das mensagens. O primeiro é no plano institucional, uma vez que os diálogos sugerem proximidade entre o órgão que julga e o representante da acusação, o procurador Deltan Dallagnol. Portanto, para o especialista, seria importante que existisse um controle entre os poderes para evitar que o funcionamento das regras básicas da Constituição seja prejudicado. A segunda análise seria relacionada ao governo e a Moro como ministro. A divulgação das conversas daria uma maior liberdade para o presidente Jair Bolsonaro em efetuar mudanças relacionadas ao ex-juiz. "Moro era quase um superstar dentro do governo e ele [Bolsonaro] tinha pouca margem de liberdade para fazer alguma mudança em relação a Moro", explica Cortez. O terceiro ponto seria a própria imagem de Moro e sua popularidade, que devem ter caído com a polêmica.
O especialista explica, no entanto, que é preciso ter "maturidade" para separar os personagens, como Moro e Dallagnol, da Operação Lava Jato, que é grande e ainda possui credibilidade. Seria preciso, no entanto, desassociar as figuras da Operação, que promoveu grandes denúncias de práticas de corrupção.
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