As pessoas que trabalham dentro do olho de furacão: 'Não desejaria ao meu pior inimigo'
Por India Bourke - BBC Future
Adaptado por GIT - 07/10/2024
Introdução
Dentro do caos devastador de um furacão, há uma calmaria traiçoeira: o olho da tempestade. À primeira vista, pode parecer um lugar calmo, mas não se deixe enganar. Para cientistas e socorristas, o olho de um furacão é tanto uma armadilha mortal quanto uma oportunidade crucial de salvar vidas. A partir desse núcleo assustador, equipes corajosas buscam informações para entender, prever e mitigar a destruição causada por esses fenômenos naturais. No entanto, a experiência de estar dentro de um furacão é algo que muitos descrevem como um verdadeiro pesadelo.
A Armadilha do Olho de um Furacão
O olho de um furacão oferece uma breve ilusão de tranquilidade. Enquanto os ventos ferozes e as nuvens de tempestade se afastam, a calmaria é interrompida pela aproximação da temida "parede do olho", onde a força destrutiva da tempestade atinge seu auge.
As aves que ficam presas no interior do furacão raramente conseguem escapar, sendo forçadas a voar junto com a tempestade até ficarem exaustas. Da mesma forma, os seres humanos que se aventuram nesse cenário precisam enfrentar ventos que podem atingir mais de 330 km/h, rajadas capazes de arrancar casas, carros e pessoas do chão.
Depoimento de William Hamilton:
"Pessoalmente, foi algo que eu nunca gostaria de experimentar de novo. Eu não desejaria isso nem ao meu pior inimigo", conta William Hamilton, consultor de mudanças climáticas das Bahamas, que sobreviveu ao furacão Dorian em 2019.
Quem São os Caçadores de Tempestades?
Embora a maioria das pessoas fuja de furacões, há aqueles que seguem em direção ao centro do perigo. No ar, estão os cientistas, e em terra, caçadores de tempestades e equipes de resgate, que arriscam suas vidas para coletar dados vitais.
A meteorologista Heather Holbach, uma das "caçadoras de furacões", voou por mais de 13 tempestades. Holbach descreve sua primeira experiência como uma montanha-russa, uma sensação intensa de fascínio e medo. "Sempre há a fascinação pela tempestade, mas também o nervosismo com o que pode acontecer."
Destaques da Tecnologia:
Transmissores de radar monitoram a precipitação dentro da tempestade.
Radiômetros de micro-ondas medem a velocidade do vento nas superfícies oceânicas.
Drones capturam dados detalhados da energia que alimenta a tempestade.
O Furacão Dorian e a Tragédia nas Bahamas
Em 2019, o furacão Dorian devastou as Bahamas com uma força assustadora. O meteorologista Jason Dunion, que voou no furacão, descreveu a experiência como "alucinante". Ele alertou para a necessidade de extrema cautela ao realizar missões dentro de tempestades tão violentas.
Ao mesmo tempo, equipes de resgate e cientistas tentam prever as rápidas alterações na intensidade das tempestades, baseando-se nas observações da movimentação de ar dentro do furacão. Um exemplo disso é a formação de uma segunda parede do olho, um fenômeno raro que pode renovar a força destrutiva da tempestade após uma breve calmaria.
O Preço da Devastação
Para William Hamilton, que atuou como médico nas Bahamas durante o furacão Dorian, o impacto emocional foi devastador. Após o furacão, ele desenvolveu PTSD (transtorno de estresse pós-traumático), principalmente devido ao contato com as inúmeras histórias de perda.
Ещё видео!