Hoje, primeiro dia útil de agosto, os juízes federais voltaram a trabalhar depois do recesso do mês de julho. Sim, meus amigos, é isso mesmo que você ouviu: nossa justiça federal ficou praticamente 30 dias parada, sem audiências, sem julgamentos que não sejam urgentes, sem avançar em nenhum dos mais de 15 milhões de casos que estão nas mãos deles.
Eu não sei se vocês perceberam, mas eu falei que os juízes estavam em recesso não de férias. Apesar de significarem praticamente a mesma coisa, esse foi o jeitinho que o nosso Judiciário achou pra manter esse privilégio depois que uma emenda Constitucional aprovada em 2004 proibiu férias coletivas nos tribunais brasileiros. Sim, a gente precisou de quase 400 anos desde que o primeiro Tribunal foi criado no Brasil, em 1609, pra descobrir que – surpresa – não rola dar férias pra todos os juízes ao mesmo tempo. E mesmo assim, nossos juízes muito criativos entenderam que, se não pode dar férias coletivas, vamos trocar de nome e chamar de recesso, que aí te liberado.
Mas calma, o problema não pára por aí não. Antes fossem só esses 30 dias de recesso. Olha só: cada um dos 20 mil juízes do Brasil – aqui eu to falando de todos, não só da justiça federal - tem direito a 60 dias de férias, um recesso (também conhecido como férias) de quase 20 dias pra curtir Natal e Ano Novo, 18 feriados (que se caírem no final de semana, ainda são geralmente remarcados pra algum dia útil, porque afinal feriado em fim de semana é desperdício), 90 dias de férias adicionais a cada 5 anos, e 2 anos recebendo salário se quiser parar de trabalhar e só estudar um pouco.
Você deve ter perdido a conta aí, mas eu vou te ajudar: o resumo é que, em média, pra cada dia de trabalho de um juiz, ele folga um dia. Inacreditável né? E o argumento principal utilizado pelas associações de juízes é que “há um volume enorme de processos e uma carga gigantesca de trabalho”. Mas é claro que tá acumulando serviço, meu amigo. Você tá trabalhando metade do que deveria, Jesus.
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