É como se a gente colocasse em cima da Argentina uma enorme lupa, para saber tudo o que acontece de errado. Ainda hoje, a Unicef, que é a agência das Nações Unidas para a infância, informou que 30 por cento da população de até 17 anos vive na pobreza. Um terço dessas crianças está na miséria. É uma vergonha, para um país que já foi rico, e que há cem anos inventou a classe média, aqui no nosso continente. Mas o negócio é saber se o atual governo, do presidente Maurício Macri, está piorando ou melhorando a situação. Macri foi eleito no finzinho do ano passado, e não encontrou só um buraco nas contas públicas. Encontrou uma cratera, deixada pela presidente Cristina Kirchner. O governo subsidiava quase tudo, de eletricidade a alimentos. Macri cortou os subsídios e demitiu funcionários públicos. Acabou o controle de câmbio, o que encareceu a comida importada. Para um país de 43 milhões de habitantes, em três meses o número de pobres aumentou em 1,4 milhão. Os sindicatos reclamam. Há duas semanas, eles fizeram uma passeata com mais de 100 mil em Buenos Aires. Mas tudo isso não quer dizer que Macri tenha perdido a popularidade. Ele continua tocando o plano de reconstruir a economia, para que ela volte a crescer, para que ela consiga exportar manufaturados. Ele conseguiu negociar dívidas que Cristina Kirchner não pagava, porque para os peronistas dar o calote é coisa de patriota. Pois agora a Argentina consegue novamente financiamentos internacionais. E na área de direitos humanos, o país continua a acertar as contas com a ditadura militar, que acabou há 34 anos. Ainda esta semana, um tribunal começou a processar o antigo comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Omar Graffigna. Ele sequestrou bebês que nasceram de mães prisioneiras políticas. Elas eram torturadas, davam à luz e depois eram mortas. Mas o negócio é saber se, com todas essas novidades, o governo vai colocar a casa em ordem. Ainda não. Mas já é um bom caminho. É assim que o mundo gira.
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