Em uma entrevista à Rádio CBN Fronteira de Presidente Prudente nesta tarde, o médico infectologista, André Pirajá, alertou para o perigo do uso indiscriminado de antibióticos e o aumento da resistência bacteriana.
"A utilização inadequada e excessiva de antimicrobianos está nos levando a um cenário preocupante onde, em 2050, não teremos antimicrobianos adequados para a resistência bacteriana," alerta Pirajá.
Ele explica que os antibióticos devem ser usados apenas para tratar infecções bacterianas. "Antibióticos não tratam vírus, e esse foi um dos grandes legados negativos da pandemia de COVID-19, onde muitos pacientes receberam antibióticos desnecessariamente", afirmou.
Estudos recentes reforçam preocupação
Na França, por exemplo, 50% dos antibióticos prescritos são considerados desnecessários. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Infectologia revelou que 70% dos antibióticos prescritos são feitos sem necessidade, contribuindo para o aumento da resistência bacteriana.
Um exemplo comum é o tratamento de crianças com quadros catarrais e febre. "Em 90% dos casos, essas infecções são virais, mas muitos acabam recebendo antibióticos devido à pressão dos pais e a falta de experiência dos profissionais de saúde mais jovens," destaca o infectologista.
O infectologista explica que crianças até os 7 anos de idade têm, em média, 15 quadros catarrais por ano, sendo a maioria de origem viral e não necessitando de antibióticos.
Infectologista cita caso de Osvaldo Cruz
O uso inadequado de antibióticos em crianças pode ter consequências sérias. Casos de meningite, como o relatado em Osvaldo Cruz, onde uma bactéria mais resistente levou a óbitos, evidenciando o problema. "Uso indiscriminado de antibióticos está gerando bactérias mais resistentes, o que torna as infecções futuras mais difíceis de tratar", afirma Pirajá.
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