Carne Trêmula de Pedro Almodóvar
Adaptação do romance de mistério da escritora britânica Ruth Rendell publicado em 1986, CARNE TRÊMULA (1997) é transformado por Almodóvar em uma história bastante espanhola que começa em Madri, em janeiro de 1970.
Em meio ao estado de exceção (uma espécie de AI-5 espanhol) proclamado em janeiro de 1970 e que suspendeu uma série de garantias constitucionais, uma prostituta dá à luz dentro de um ônibus. Na lateral do ônibus, um anúncio fala em “precisão absoluta”, como se fosse um novo nascimento de Cristo num estábulo em forma de ônibus. Num plano memorável em uma grua, a câmera do diretor de fotografia brasileiro Affonso Beato vai se aproximando lentamente do ônibus, como se respeitasse a privacidade daquele momento. A abertura renega a origem britânica da história e se afirma como uma das cenas mais estritamente políticas de toda a obra de Almodóvar, assim como a manifestação de estudantes em “A Flor do Meu Segredo”.
Vinte anos depois, nota-se o contraste da Madri com as ruas cheias de gente e o sentimento de vida pulsando. Os comentários de Sancho (Jose Sancho), o policial mais velho e alcóolatra, que agride a mulher, revelam um saudosismo da ditadura, como o policial de “Pepi Luci Bom”.
O filme gira em torno de um triângulo amoroso entre Victor, Elena e David, e ao contrário dos filmes anteriores de Almodóvar trata de um universo quase exclusivamente masculino e hetero. O diretor faz da vida de Victor uma alegoria dos 26 anos da política espanhola entre a repressão franquista de 1970 e o governo socialista de Felipe González, a importância de se confrontar com os traumas do passado para construir um futuro que, naquele momento, ainda precisava de ajustes.
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