Iquine: 50 anos de inovação e muita responsabilidade socioambiental
Perceber o momento certo para migrar de funcionário a empreendedor não é simples. Exige bravura, faro e muita determinação. Com esse combo debaixo do braço, Delino Souza tomou a acertada decisão de abrir seu próprio negócio em 1974, após anos de experiência em empresas de São Paulo. Como Pernambuco era referência no ramo moveleiro, achou por bem começar com a produção de vernizes e adesivos para móveis no Polo Industrial de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.
Surgia a Iquine, uma sigla para Indústrias Químicas do Nordeste, carregando no nome a região de que Delino tanto se orgulhava e que queria ver prosperar. Apesar das dificuldades pela escassez de capital, as vendas evoluíram graças à insistência e à criatividade do empresário. Logo, a marca pernambucana caiu no gosto das fábricas de móveis do estado. Quando o assunto era verniz, ninguém batia a Iquine na terra do frevo. Era o início da jornada de uma pequena empresa que, anos depois, viraria a maior indústria de tintas do Brasil com capital 100% brasileiro.
Para entender como essa transformação foi possível, é importante conhecer em detalhes os primeiros capítulos dessa trajetória. Naquela época, o mercado de tintas brasileiro já era bem aquecido. Quando a Iquine decidiu lançar sua tinta, sentiu que era prudente dar um passo de cada vez e limitou a produção a apenas duas cores: branco e branco gelo. A estratégia inicial foi manter os custos mais baixos e ter um posicionamento mais competitivo que o principal concorrente.
A equipe era enxuta. O cunhado ajudava na área de compras e a esposa de Delino, Oracilda, ficava na fábrica, supervisionando os colaboradores, enquanto ele saía para prospectar novos clientes. Um período de dificuldades, com pouco capital, mas muita vontade de vencer.
Como se não bastassem os desafios de uma empresa iniciante, a Iquine ainda sofreu impactos sucessivos no caixa em meio à instabilidade dos planos econômicos dos governos dos presidentes Sarney e Collor. Em 1996, o baque foi maior: a explosão de um reator causou um incêndio na fábrica, destruindo todos os equipamentos e o estoque. Diante do cenário de lágrimas e destroços, Delino e sua equipe decidiram se doar ainda mais para recuperar tudo o que havia sido perdido. O ano da tragédia se tornou também o de maior crescimento da Iquine até hoje.
Sabendo do desafio de concorrer com conglomerados mundiais do setor, a Iquine entendeu cedo que a velocidade seria um dos seus grandes diferenciais. Aproveitando a autonomia de uma empresa familiar, que costuma atuar com menos burocracia, a marca passou a ser reconhecida pela agilidade, além da proximidade com os clientes e parceiros.
Hoje, o Grupo Iquine é especialista em tintas decorativas, com mais de 5 mil cores disponíveis, e emprega aproximadamente 1 mil funcionários. Possui fábricas em Pernambuco e no Ceará, centros de distribuição no Rio de Janeiro e em São Paulo, e um arrojado projeto de expansão nacional como prioridade. Adquiriu em 2020 as marcas Hidracor e Hipercor, saltando sua capacidade de produção para 220 milhões de litros de tintas por ano, distribuídos a mais de 40 mil pontos de vendas em todas as regiões. Consolidou-se, assim, como a terceira maior indústria do segmento no Brasil e a maior com capital 100% brasileiro. Uma conquista e tanto num país que está entre os cinco maiores mercados de tintas do mundo.
Matizes de responsabilidade
Quando o assunto é responsabilidade ambiental, a Iquine é atenta e disciplinada. Há muitos anos, desenvolve um projeto de consumo racional de água. A meta é reduzir anualmente a quantidade de litros de água na produção das tintas. Lidera ainda ações para retirada de plásticos descartados no meio ambiente e reciclagem, além de apoiar diversas iniciativas de sustentabilidade.
Um dos trabalhos de destaque da marca com a comunidade de Jaboatão dos Guararapes se chama “Tijolo Solidário”. O material é fabricado com resíduos reciclados, em parceria com a Indústria de Cerâmica Recycle, e vendido por um valor reduzido para construções de baixa renda.
Na pandemia, a vocação social falou ainda mais alto. A diretoria da Iquine destinou uma das linhas de produção exclusivamente para álcool em gel. Foram produzidos cerca de 50 mil litros, todos doados a comunidades em estado de vulnerabilidade. Durante a crise sanitária, a empresa foi ainda a primeira do setor a distribuir cestas básicas para profissionais de pintura, que tiveram suas rendas fortemente afetadas nos momentos mais críticos.
Promover o bem e contribuir para o desenvolvimento local são princípios que sempre acompanharam a corporação. Entre os projetos atuais, está a capacitação de jovens de Jaboatão dos Guararapes para o ofício da pintura e a recuperação da praça Antenor Navarro em João Pessoa, importante ponto turístico da cidade. A marca ainda coopera com várias outras ações, como as do Porto Social e da Fundação Perrone
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