Cultne registrou em 18 de agosto de 2019 com imagens, áudio e edição de Pedro Oliveira Filó Filho e Gabriel Torraca a Roda de de Samba da Pedra do Sal.Com o intuito de preservar a memória do samba genuíno do século XIX — introduzido na região portuária pela diáspora baiana — um grupo de sete amigos músicos se reúne há quase uma década na histórica Pedra do Sal, sempre às segundas-feiras, para louvar o samba de raiz. Como forma de resgatar a cultura, especialmente para as novas gerações, o grupo promove também palestras sobre a historiografia do lugar, com a participação de convidados. A importância cultural do evento pode ser atestada pela realização de dois musicais de sucesso encenados no Teatro Rival, um sobre a história da Pedra do Sal e outro com foco no jongo e nos orixás. Religiosamente, no dia 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, a Pedra do Sal é cenário para um antigo ritual, com a lavagem da pedra e uma grande festa comemorativa.
Localizada ao pé do Morro da Conceição, a Pedra do Sal ganhou este nome por ser o local de descarga do produto, tão precioso na época, e que virou ponto de encontro dos sambistas que trabalhavam como estivadores. Toda a região no entorno da Praça Mauá era conhecida como Pequena África, pela quantidade de descendentes africanos que lá residiam, muitos deles alforriados vindos da Bahia. Segundo relatos, o samba e o choro conviviam em harmonia nas festas que ali aconteciam, especialmente as de Tia Ciata, que recebia até Pixinguinha para tocar choro na frente da sua casa para afugentar olhares curiosos, especialmente da polícia, enquanto as batucadas aconteciam à vontade, nos fundos. Foi desses encontros musicais que surgiu o genuíno samba de roda. É onde se encontra a Comunidade Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal. Tombado em 20 de novembro de 1984, pelo INEPAC - Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. Na Pedra do Sal, que fica a 100 metros do Largo da Prainha, reuniam-se grandes sambistas do passado, como Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Heitor dos Prazeres. Partindo de sua base, no Largo do João da Baiana, e subindo por degraus escavados na pedra, pode-se subir para o Morro da Conceição.
A informalidade permanece até hoje, com os músicos tocando ao ar livre em uma mesa central, ao pé da pedra, onde apenas o som de instrumentos, como violão, cavaquinho, reco-reco de bambu, cuíca, surdo e pandeiro, são amplificados. As letras são cantadas “no gogó” e ganham voz com o acompanhamento do público, que vai se acomodando por todo o Largo João da Baiana, resultando em um emocionante encontro popular.
A Roda de Samba da Pedra do Sal foi tema de oito teses de doutorado e várias monografias, além de já ter sido eleita a melhor roda de samba do Rio e recebido premiações. Mas seus integrantes — Walmir, Wando, PC, Juninho, Rogerinho, Peterson e Júnior — querem manter a simplicidade de se reunirem para tocar e só receiam que o interesse comercial venha a prejudicar os encontros, que atraem cada vez mais admiradores. Vale lembrar que a legítima roda de samba se apresenta no local exclusivamente nas segundas-feiras, se não estiver chovendo. Qualquer outra manifestação que lá aconteça, em outro dia, não é a autêntica!
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