Histórico dos Aterros do Rio
Texto e Pesquisa: Cleydson Garcia
Vídeo: Cordovil e Ilha de Saravatá – 1965
Publicado originalmente na página Especial Rio Antigo
Após dezenas de aterros realizados entre 1900 a 1960, chegou a hora de finalizar com o último ponto do litoral do município do Rio de Janeiro, que ainda não estava a aterrado em 1965: o litoral dos bairros de Cordovil e Penha Circular. Esse aterro também atinge Caxias.
No entanto, os investimentos e projetos entre a Zona Norte e Zona Sul, foram desiguais! A falta de compromentimento dos políticos para a melhoria e saneamento do litoral da Zona Norte trouxe danos ambientais irreversíveis como o aterro das praias, destruição dos manguezais, favelização e poluição.
Primeiro alvo de destruição na Zona Norte foi São Cristóvão, quando fizeram a expansão do ‘Porto do Rio’ entre 1920 e 1930. Afastando a Igrejinha e a população local do mar.
O segundo alvo foi Manguinhos. Na década de 1920, os manguezais foram destruídos e a enseada de Inhaúma foi parcialmente aterrada sob o pretexto de combater os mosquitos da malária, sanear a região e iniciar a abertura da Avenida Brasil cuja obra foi realizada na década seguinte.
Mas, ao invés de criarem um bairro planejado, abandonaram os aterros. Poucos terrenos do aterro foram usados.; o aeroporto e a refinaria de Manguinhos. A indústria ocupou a região, porém outras áreas permaneceram desocupadas, facilitando a favelização.
O terceiro alvo foi a região da Maré à Penha. A construção da “Variante Rio x Petrópolis / Av. Brasil” na metade dos anos 30 foi o pivô da modificação da paisagem da região. As obras desta estrada de rodagem trouxeram os primeiros moradores da favela da Maré.
Por falta de políticas habitacionais e de controle do fluxo migratório de pessoas de todo o Brasil, especialmente do Nordeste, a favela cresceu consideravelmente nas décadas seguintes, dando fim ao belíssimo manguezal que existia na região. No início dos anos 50 fizeram outro aterro, destruindo um arquipélago de oito ilhas para construir a Cidade Universitária – UFRJ.
Detalhe: A Maré poderia ter sido mais um parque como o do Flamengo, pois existia projeto do Parque Uruçumirim. Infelizmente, não saiu do papel.
Quando a Avenida Brasil alcançou a Penha em 1947, houve a remoção das vilas de pescadores e suas moradas em palafitas. Em 1950, Iniciou-se a execução do aterro no litoral da Penha que extinguiu a Praia de Mariangu e Apicú.
Construíram a nova Praia de Ramos e os “Complexos da Marinha”: COMRJ, CIAGA, CEFAN, Casa do Marinheiro, LESPAM. Quando o aterro chegou na altura do viaduto Luzitânia, colocaram mais terras para expandir o mercado São Sebastião, na década de 1960.
Quarto e último alvo: Cordovil e Penha Circular!
Agora chegamos ao ponto em que o vídeo mostra o avanço do aterro do Mercado São Sebastião, e visualizamos também a extinção da Ilha de Saravatá e do Porto de Meriti, na divisa com Duque de Caxias. Estes aterros foram péssimos, muito espaço tomado da baía, sem gerar grandes benefícios à população.
O povo carioca não conhece bem a região, somente de passagem. Uma parte dos terrenos públicos, foram vendidos para empresas privadas. A ‘Cargo Park’ divide espaço com o Mercado São Sebastião, e as comunidades de Parque das Missões e Vila Kelson’s.
O aterro da Ilha de Saravatá e da Ponta do Lagarto foi um grande crime ambiental, pois usaram lixo como material do aterro. Além disso, foi cometido um crime contra o patrimônio histórico da cidade, pois destruíram materiais arqueológicos os rastros do Porto Velho de Irajá (Meriti) e os resquícios da caieira da ilha. O aterro foi finalizado entre 1977 a 1983.
Aterros do Centro e da Zona Sul:
Bairro da Urca, Aeroporto Santos Dummont, Porto do Rio, Praça Paris, Parque do Flamengo, Nova orla da Lagoa Rodrigo de Freitas. Praias artificiais do Flamengo, Copacabana e Botafogo.
Esses aterros foram bem sucedidos por um bom período, mas ultimamente a falta de segurança diminuiu a quantidade de frequentadores do Parque do Flamengo e a poluição afasta o povo da Praia de Botafogo.
O Porto do Rio ficou muitos anos abandonado. Agora , com o “Porto Maravilha”, apesar dos gastos exorbitantes e corrupção, o projeto resgatou a região.
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