A tumba (amaldiçoada) do faraó Tutancâmon foi descoberta pelo egiptólogo britânico Howard Carter há quase 1 século, em 1922, depois de permanecer por mais de 3,3 mil anos (praticamente) intocada. Nela, foram encontrados milhares de artefatos de valor incalculável, mas, sem sombra dúvidas, o conjunto de tesouros mais valiosos de toda a coleção consiste no sarcófago contendo os caixões e a múmia do jovem rei com a famosa máscara funerária que foi posicionada sobre o seu cadáver.
(Fonte: Thought.co / Apic / Contributor / Getty Images / Reprodução)
Pois é, caro leitor, em vez de ser colocado — envolto em camadas de linho e vestindo a extravagante máscara de ouro — em um único caixão, Tutancâmon foi sepultado feito uma boneca russa. Mais especificamente, seu corpo mumificado foi colocado no interior de um sarcófago de pedra contendo três caixões, dois deles feitos de madeira entalhada e cobertos com folhas de ouro, e o mais interno criado a partir de lâminas de ouro batido e esculpido para acomodar o cadáver do rei. O que foi removido da tumba do faraó pela primeira vez desde a sua morte (que se deu por volta do ano 1324 a.C.) é o mais externo do trio, para passar por restaurações.
Megaoperação
Remover um artefato tão antigo, delicado e valioso do Vale dos Reis não foi uma tarefa nada simples! De acordo com informações divulgadas pelo Ministério de Antiguidades do Egito, o caixão foi retirado do interior da tumba em meados de julho sob um fortíssimo esquema de segurança e colocado em unidades de transporte equipadas com materiais completamente livres de ácidos e capazes de absorver qualquer umidade.
Réplicas dos 3 caixões do faraó Tutancâmon (Fonte: Ancient Origins / Theodor Oskar Krath / R. Boyer / Reprodução)
O caixão foi levado diretamente a uma instalação montada especialmente para a realização dos trabalhos de restauração no Grand Egyptian Museum (GEM), que foi construído próximo às Pirâmides de Gizé e tem inauguração marcada para o final do ano que vem. Uma vez nessa sala, o artefato foi completamente isolado e submetido a processos de esterilização e fumigação durante uma semana inteira, para eliminar o risco de proliferação de fungos e outros microrganismos.
Antiguidade palpável
O caixão mede pouco mais de 2,2 metros de comprimento e, conforme mencionamos antes, é todo folheado a ouro. O artefato também conta com alças feitas de prata e camadas de gesso – e segundo a equipe de restauradores que avaliou o seu estado, se encontra bastante deteriorado e extremamente fragilizado.
(Fonte: Newsweek / Ministry of Antiquities / Reprodução)
As folhas de ouro que cobrem o caixão apresentam rachaduras, as camadas de gesso que se encontram sobre a madeira estão em péssimas condições e têm inúmeras trincas – tanto que faltam pedaços – e o trabalho para devolver o artefato à sua antiga glória levará no mínimo oito meses. No entanto, depois de a restauração ser concluída, o artefato será colocado com os outros dois caixões, o mais interno, de ouro maciço, e o intermediário, feito de madeira coberta com folhas de ouro e adornado com contas de vidro multicolorido, em exposição no GEM, marcando a primeira vez que o trio de ataúdes poderá ser visto junto desde a sua descoberta em 1922.
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