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SUGESTÃO DO SOMMELIER
Dalva Douro Colheita (Safra 2016) • D.O.C. Douro • Portugal
Quando falamos de vinho de sobremesa aqui no Brasil, logo vêm à mente os famosos Vinhos do Porto. É claro que existem outros ícones nessa área de vinhos mais doces, mas esse clássico ganhou muitos consumidores fiéis em terras brasileiras ao longo dos anos. O interessante desse estilo é que, apesar de terem elevado açúcar residual, os Vinhos do Porto não derivam de variedades famosas por serem naturalmente mais doces, como é o caso da Moscatel e da Primitivo. Muito pelo contrário, esses exemplares são feitos exatamente com as mesmas cepas que produzem vinhos secos finos ao redor do mundo. A diferença é que para se fazer os Vinhos do Porto, os produtores colhem as uvas com extrema maturação e, durante o processo de fermentação alcóolica, adicionam aguardente vínica para matar as leveduras. Dessa maneira, as leveduras mortas param de transformar o açúcar em álcool e assim o vinho retém maior volume de açúcar residual natural dos frutos maduros. E o que acontece então quando os produtores de Vinho do Porto decidem não fazer esse processo? É simples, eles produzem vinhos secos finos.
Na verdade, fiz toda essa explicação para mencionar que existem ilustres produtores de Vinho do Porto que também produzem vinhos secos finos muito bons. No entanto, esses rótulos ficam menos conhecidos, justamente pelo fato de sua fama ser “abafada” pelos célebres Vinhos do Porto dessas vinícolas. Um caso clássico disso é o Dalva Douro Colheita, criado pela C. da Silva, uma casa fundada em 1862, que possui forte tradição no Vinho do Porto. Inclusive, essa produtora lançou exemplares históricos de Vinhos do Porto branco nas safras de 1952, 1963 e 1971, cujas garrafas atingiram enorme fama internacional e até hoje brilham na história. O fundador e principal responsável pelo legado da companhia é Clemente F. da Silva, cujo busto em metal eterniza sua imagem ainda preservada na sede da produtora. Os vinhos Dalva carregam esse nome também como uma maneira de preservar a história do senhor Clemente, já que, segundo os atuais proprietários, DALVA foi inspirado em DA (SI)LVA. Espero que você aprecie esse exemplar lusitano que veio para o mundo à sombra de seus irmãos mais antigos e famosos, porém mostra que nem só de Vinho do Porto vivem as antigas casas do Porto. Um brinde à pluralidade!
Texto do Sommelier Rodrigo Ferraz • Direitos Reservados
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