O trabalho de longo prazo executado por administradores para fortalecer os fundamentos estruturais do negócio foi um dos traços mais visíveis entre o conjunto de empresas vencedoras do Prêmio Broadcast Empresas 2024. A estratégia duradoura levou as dez companhias do topo a apresentar uma posição consistente de negócio e se destacar de concorrentes na Bolsa. O levantamento feito pela Agência Estado, em parceria com a Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), destaca as dez empresas de capital aberto que tiveram o melhor resultado para seus acionistas no ano anterior.
Em 2023, a conjuntura foi marcada por um respiro dos anos de dificuldades registrados antes. O PIB brasileiro teve um avanço mais forte (2,9%) e embalou a Bolsa para uma alta de pouco mais de 20%. O salto se deu com um pano de fundo ainda de recuperação, com taxa de juros elevadas, mas em tendência de queda. A Selic fechou o ano passado em 11,75%.
Num ambiente ainda instável e de renda apertada, as empresas voltadas a serviços tomaram o lugar de gigantes de bens de consumo no ranking e foram acompanhadas por nomes tradicionais na liderança do levantamento. Os números revelam um avanço geral na solidez dos fundamentos das companhias analisadas, uma boa notícia para o conjunto das empresas listadas, porque mostra uma melhora qualitativa dos indicadores.
De uma análise com 228 empresas aptas a participar do ranking, a primeira colocação ficou com a WEG. Em seguida vieram CSN Mineração (2º), Caixa Seguridade (3º), Raia Drogasil (4º), BB Seguros (5º), Engie (6º), Totvs (7º), TIM (8º), Multiplan (9º) e Cury (10º).
"São empresas que se destacam por um conjunto de diferentes indicadores financeiros, não somente as que apresentam mais rentabilidade", afirma o professor de economia da FGV, Joelson Sampaio. "É isso que as empresas têm que buscar: fundamentos estratégicos sólidos."
Denis Piovezan, CEO do Broadcast, destaca a importância da premiação: "Nosso objetivo é reconhecer empresas de excelência. Estes executivos são fundamentais para analisar o cenário da economia brasileira e mundial, trazendo perspectivas e projeções que impactam as decisões de milhares de investidores".
Para Marcio Rodrigues, diretor de Redação do Broadcast, o prêmio significa a valorização dos bons resultados das empresas. "A boa leitura dos dados e informações econômicas é uma parte do que as empresas vencedoras fizeram para alcançar os melhores resultados possíveis."
No topo do ranking, a WEG é o retrato mais claro de frutos colhidos por anos de uma estratégia sólida. A empresa é um nome tradicional no topo nas edições passadas do prêmio e vive um momento importante, com um impulso adicional do posicionamento para a transição energética. O movimento de expansão nesse sentido se dá inclusive nos Estados Unidos. "Queremos começar a produzir lá e tentar, em breve, talvez a partir de 2026, começar a tirar proveito no mercado americano", afirma o diretor superintendente administrativo-financeiro da WEG, André Rodrigues. Além da primeira posição no ranking geral, a WEG também foi premiada nas categorias Novo Mercado e Sustentabilidade.
Na segunda colocação, a CSN Mineração estreou entre as dez primeiras. A empresa alcançou no ano passado o maior volume de produção e fez a lição de casa do lado dos custos. O resultado se deu como um prêmio para os acionistas, com um avanço de 24% na distribuição de proventos, para um total de R$ 3,56 bilhões.
De olho no futuro, a empresa tem investimentos previstos para a planta P15, em Minas Gerais, além da expansão de um terminal portuário. "Estes investimentos resultarão no aumento da competitividade e da margem da empresa para um dado preço do minério de ferro", diz Pedro Oliva, diretor financeiro e de relações com investidores da CSN Mineração.
No campo dos serviços, a Caixa Seguridade, na terceira colocação, também estreou no topo, ao lado da veterana BB Seguros (quinta colocada, nesta edição). Ambas se valem de uma parceria de peso com os bancos públicos a quem estão associados e adotam estratégias para acrescentar algo a mais. A Caixa Seguridade, por exemplo, fez um esforço no ano passado para se "apresentar" com mais profundidade para analistas e investidores, em busca de melhorar a liquidez da ação.
Com cuidado
As empresas de destaque mostram que crescimento não significa avanço a qualquer custo. A Cury, premiada na categoria Small Caps e na décima posição geral, cresce com cautela e vem alcançando os melhores resultados da sua história, de 60 anos, no segmento de habitação popular, área que foi beneficiado pelo reforço de recursos do governo federal.
"Temos foco em poucas regiões, produtos específicos e uma gestão presente. Isso é o que faz a empresa ter hoje cerca de R$ 6 bilhões em valor de mercado", afirma o presidente da empresa, Fábio Cury.
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