A Toxicidade do Broto de Samambaia (Pteridium Aquilinum) e a Saúde Humana

A toxicidade do broto de samambaia (Pteridium aquilinum) e a saúde humana A Pteridium aquilinum é vulgarmente conhecida como samambaia, pertencente ao filo das Pteridófitas, assim como a avenca, o samambaiaçu, dentre outros. No Brasil, a Pteridium aquilinum var. arachnoideum é encontrada em praticamente todo país a altitudes que variam de 700 a 3.000 metros, é predominante em regiões de solos pobres, ácidos, com baixos níveis de cálcio (Ca) e fósforo (P), aspectos que verificamos no solo do cerrado.

O broto de samambaia é utilizado como alimento na forma de refogados, chá e saladas, em algumas regiões figura-se como prato típico. A planta tem sido muito estudada devido a seus efeitos tóxicos e carcinogênicos. A toxicidade da planta é influenciada por diversos fatores, dentre eles a parte da planta consumida, a idade e a altitude onde é cultivada. A literatura relata que a toxicidade do broto de samambaia é maior em altitudes superiores a 1.400 metros. Diversos compostos químicos tóxicos e carcinogênicos já foram identificados na samambaia, sendo o principal carcinogênico da planta o ptaquilosídeo, esse glicosídeo está presente em maior concentração no ápice dos brotos.

Em geral esses compostos tóxicos são termoestáveis, portanto o processo de cocção não é capaz de inativá-los, em especial o ptaquilosídeo. Apresentam efeito cumulativo, ou seja, depositam-se no organismo e em longo prazo podem trazer complicações. Estudos epidemiológicos relacionam a exposição à samambaia ao risco e desenvolvimento de cânceres no trato digestório e bexiga em humanos. Pesquisas realizadas no Japão, Irlanda e Brasil relatam que a alta incidência dessas neoplasias ocorra não apenas em populações que se alimentam da samambaia, mas também aquelas que são expostas a ela, essa exposição dar-se-á pela ingestão do leite cru ou pelo consumo de carne de animais contaminados.

Diversos estudos demonstram haver uma correlação entre as regiões que utilizam a samambaia como alimento e índices elevados de cânceres gástricos e na bexiga em seres humanos, principalmente os que vivem em áreas rurais. A ação tóxica e carcinogênica da samambaia também é observada em animais que a utilizam como fonte de alimento, vários estudos relatam o surgimento de neoplasias na bexiga e trato gastrointestinal de bovinos e equinos. O potencial tóxico dos compostos presentes na samambaia apresenta um potencial em franca expansão que envolve diretamente a saúde humana, portanto é aconselhável não consumi- lá.

Marcelo Pfister
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