Vamos falar do ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy. Ele foi detido hoje de manhã por tráfico de influência. Não está propriamente preso. A detenção pode durar 48 horas e serve para interrogar um suspeito. Mas o episódio tem de tudo para acabar com a carreira política dele. Sarkozy tinha vontade de disputar novamente a presidência da República. Ele ainda tem muita influência no bloco dos partidos de centro direita. Pretendia reunificar as lideranças que o levaram à Presidência em 2007. E tudo indica que teria chances de sucesso, por causa da baixíssima popularidade do socialista François Hollande, eleito presidente há pouco mais de dois anos. Sarkozy é um sujeito obstinado. Queria, porque queria virar presidente. Pensava nisso desde criancinha. Ou quando se elegeu prefeito de Neuilly, um subúrbio muito chique de Paris. Essa obstinação tinha como contrapartida pagar qualquer preço para a ascensão política. Ele está sendo agora investigado porque, na campanha eleitoral de 2007, teria recebido dinheiro do ex-ditador da Líbia, Muhammar Khadafi, deposto e executado durante a chamada Primavera Árabe. O inquérito sobre a doação ilegal de Khadafi corria sob sigilo de justiça. Sarkozy não poderia ter acesso a informações sigilosas. Ele inevitavelmente queimaria as provas. Eis que ele deu um passo maior que as pernas. Pediu que seu advogado procurasse dois juízes e, em troca de informações, oferecesse a um deles um cargo no Principado de Mônaco, onde a burocracia da Justiça é administrada pela França. Acontece que o advogado e os dois juízes estavam com seus telefones grampeados. O resultado é que Sarkozy, os dois juízes e o advogado estão agora todos detidos. Na França, o último ex-chefe de Estado que passou vergonha foi o marechal Philippe Pétain. Mas foi bem mais dramático. Um tribunal militar o condenou à morte por alta traição. Ele aceitou governar o país durante a ocupação nazista. Petain morreu na cadeia. É assim que o mundo gira. Boa noite.
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