Do CD: Rumo ao vivo (1992)
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E aí, Matilde,
Como está?
Penso que já está habituada.
Não sente mais minha falta?
Não sente?
Eu também não sinto nada.
Tô te escrevendo apenas por acaso.
Ia passando,
Vi sua foto,
Me deu banzo.
Sabe dessas crises
De saudade e nostalgia?
Já não tinha isso
Há muitos dias.
Escrever procê
Foi uma prova.
Se cê pensa que foi fácil,
Foi fácil uma ova!
Eu fiquei lá durante dias
Mergulhado num dilema...
Escrevo, não escrevo,
Escrevo, não escrevo,
Escrevo!
'Té que valeu,
a carta ficou boa.
Dá procê ver
que eu sou outra pessoa!
Também eu tava muito alucinado
Né, Matilde?
Eu via o seu vulto
Toda noite!
Hoje quando vejo
Já nem ligo,
Eu converso com seu vulto,
Hoje somos bons amigos.
Cê não sabe,
Eu estou mais calmo
E totalmente envolvido
Com o trabalho.
Já tenho outra menina,
Não é linda,
Mas já dá pra quebrar o galho.
Inda não temos problemas de casal.
Tudo que eu faço
Ela ainda acha legal.
É que no começo
É assim mesmo
Né, Matilde?
É só depois que vira
um temporal.
Enfim, Matilde
A minha transa é esta.
Você acha que dá certo
Ou cê acha meio besta?
Pode falar,
Você só vai tá me ajudando,
Eu nem 'tou muito empolgado.
Aliás já é tempo
De você me contar tudo
Do seu lado.
Que que cê faz
na hora de dormir?
Cê pensa em alguém,
por exemplo, pensa em mim?
Pode me dizer com sua franqueza de costume,
Não tenho mais nenhum ciúme.
E se você já tem outro carinha,
quero que jogue no fogo
essas mal traçadas linhas!
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