Dr. Joubert Mosquéra, cardiologista e arritmologista.
Hospital do Coração do Brasil (HCBr), Brasília.
Nesta entrevista o Dr. Joubert Mosquéra, cardiologista e arritmologista do Hospital do Coração do Brasil (HCBr / Brasília), responde a dúvidas comuns sobre indicações, funções e características de marcapassos e de outros dispositivos cardíacos – compreenda de que modo esses pequenos aparelhos auxiliam os pacientes a ter mais qualidade de vida.
Transcrição parcial
Orador A = Thiago Brandão (entrevistador)
Orador B = Dr. Joubert Mosquéra (entrevistado)
Orador A: Olá, meu nome é Thiago Brandão. Você ouvirá agora uma nova entrevista promovida pelo Hospital do Coração do Brasil em Brasília. Hoje conversaremos com o doutor Joubert Mosquéra, cardiologista e arritimologista do hospital. Olá doutor Joubert, obrigado pela entrevista.
Orador B: Oi, Thiago, obrigado. Eu que agradeço a oportunidade de falar com vocês.
Orador A: Doutor Joubert, além do marca passo, existem outros dispositivos cardíacos que popularmente são também conhecidos como marcapasso, mas que tem nome e funções diferentes. O senhor poderia falar um pouco sobre cada um deles?
Orador B: Lógico, Thiago. Bem, na verdade, quando falamos em marcapasso cardíaco, né? Estamos dizendo que o paciente possui um dispositivo cardíaco eletrônico implantado. Esse seria o termo correto. Porém, é difícil de dizer e também difícil de explicar. Por isso que nós usamos esse termo, que é o marcapasso. A gente pode dizer que existem, basicamente, três tipos de marcapassos, ou de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis. O primeiro seria o marcapasso convencional, o marcapasso propriamente dito, que ele serve para o tratamento da bradicardias. O segundo tipo são os marcapassos cardiodesfibriladores, que nós também conhecemos pela sigla CDI, que são utilizadas em pacientes com risco de uma morte súbita por uma retinia muito rápida, que nós chamamos de taquicardia ventricular. E por fim nós temos os marcapassos ressincronizadores, que auxiliam no tratamento dos pacientes portadores de insuficiência cardíaca.
Orador A: E como é que esses dispositivos funcionam? Como é que cada um deles opera?
Orador B: Bem, todos eles dispõe de um gerador, que é a parte que contém a bateria e um pequeno software que só faz a detecção do ritmo do paciente, né? Todos eles são ligados ao coração atravéz de fios que nós chamamos de eletrodos. Portanto, os marcapassos tem essa capacidade, de tanto sentir os sinais elétricos do coração do paciente, quanto de estimular o coração quando necessário.
Orador A: Doutor Joubert, a vida útil de um dispositivo como esse é de quanto tempo em média?
Orador B: Os marcapassos mais novos, eles duram em média de 8 a 10 anos. Porém, como eu falei para você, existem marcapassos diferentes. Por exemplo, os ressincronizadores cardíacos, eles necessitam de uma energia maior para funcionar. Portanto, normalmente a sua vida útil é um pouco menor que esses 8 anos. Os desfibriladores também, são aparelhos usados para reversão de arritmia, muitas vezes atravéz de choques de alta energia, podem ter a sua bateria também durando em torno de 5 a 6 anos.
Orador A: E aí uma vez esgotada essa bateria, é feito um novo implante?
Orador B: Isso, quando a bateria chega próximo do seu esgotamento, nós programamos a troca da bateria, é muito importante falar isso, porque a gente também usa um termo "trocar a bateria" mas na verdade o que nós fazemos é trocar o dispositivo, nós trocamos o gerador por completo, não apenas a bateria. Nessa cirurgia de troca, na maioria das vezes, nós aproveitamos aqueles fios, os eletrodos que já estão implantados. Por isso, a cirurgia de troca do dispositivo cardiaco, ela normalmente é um pouco mais simples do que a cirurgia de implante do dispositivo.
Orador A: E esses dispositivos em geral prolongam bastante, significativamente, a vida dos pacientes - correto, doutor Joubert?
Orador B: Isso é verdade. Nosso primeiro objetivo é devolver uma boa qualidade de vida ao paciente, mas alguns desses dispositivos servem também para prolongar a vida e até mesmo previnir episódios de morte súbita.
Orador A: Os cuidados que o portador de cada um desses dispositivos deve tomar são os mesmos, doutor Joubert?
Orador B: Em geral sim, os cuidados são os mesmos para todos esses dispositivos que eu falei.
Orador A: Os ressincronizadores, especificamente, eles serveriam... eles servem, eles atuam em que tipo de cardiopatia?
Orador B: Alguns pacientes com insuficiência cardíaca têm uma dilatação do coração. À medida que o coração vai se dilatando, ele vai perdendo um pouco da sincronia de sua contração, com isso, além da dilatação, o coração não consegue bombear adequadamente o sangue pela perda dessa sincronia. O que o marcapasso ressincronizador pode fazer é devolver a sincronia da contração cardíaca, muitas vezes melhorando a insuficiência cardíaca dos pacientes.
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