Ouriço-do-mar Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816)
EN - sea urchin; ES – erizo de mar; FR - oursins de mer; DE - Seeigel
O ouriço-do-mar, P. lividus, é um equinoderme, sendo facilmente reconhecido por apresentarem uma simetria pentarradiada. Os ouriços-do-mar são invertebrados exclusivamente marinhos, distribuindo-se de forma ubíqua na zona infralitoral de costas rochosas ou em pradarias marinhas, maioritariamente de Posidonia oceanica ou Zostera marina, entre os 0 e os 30m de profundidade. Podem ainda ser encontrados em zonas mais profundas, na costa Oriental do Atlântico, desde a Irlanda até Marrocos, incluindo as ilhas da Macaronésia e, no Mar Mediterrâneo.
São consideradas espécie-chave dos ecossistemas bentónicos, uma vez que que pela sua actividade de herbivoria modelam as comunidades de algas macrófitas, possibilitando a ocupação do substrato por espécies de crescimento mais lento como incrustantes, tais como algas calcárias e outras espécies de animais invertebrados, contribuindo assim para o aumento da biodiversidade das comunidades marinhas.
O sistema ambulacrário é uma característica dos equinodermes, consistindo num sistema de circulação hidrovascular, composto por canais e reservatórios (ampolas celómicos), e em apêndices musculares (no exterior da carapaça) os chamados pés ambulacrários. Este sistema desempenha importantes funções para o ouriço, como a locomoção, o transporte de substâncias, na respiração, entre outros factores. Possuem ainda um endosqueleto composto de ossículos calcários, que no caso dos ouriços, classe Echinoidea, estão suturadas de modo a formar uma carapaça sólida (test), globosa e, de onde saem espinhos relativamente longos, móveis, que protegem o corpo e têm funções de locomoção.
Esta espécie apresenta os sexos separados, embora só na altura da reprodução se consigam distinguir pela coloração das gónadas: laranja na fêmea e branco no macho.
As gónadas das fêmeas numa determinada fase de maturação são consideradas iguarias pelo sabor peculiar possuem, comummente designadas por ovas (roe nos países anglo-saxónicos), sendo muito apreciadas em diversos pontos do mundo, sobretudo nos mercados asiáticos. A procura por este produto gourmet tem elevado o esforço de pesca a que estão a ser sujeitos nas últimas décadas pelo aumento da procura maioritariamente nos mercados asiáticos.
Investigação
Diversos trabalhos têm sido desenvolvidos em vários países e também em Portugal maioritariamente na “engorda” de ouriços selvagens recolhidos juvenis ou adultos e alimentados até ao momento da venda para consumo imediato. Existem também, mas em muito menor número, alguns trabalhos que se focam na reprodução e na manipulação do desenvolvimento das gâmetas que é a parte edível mais apreciada e que lhes confere valor de mercado.
Na EPPO a investigação com o ouriço teve início em meados de 2007 integrada numa tese de doutoramento. O objectivo desta tese foi avaliar o potencial das larvas endotróficas dos ouriços como alimento para as fases larvares de peixes marinhos, de forma a encontrar alternativas ao alimento vivo comummente utilizados, rotíferos e Artemia sp.. Durante esse período desenvolveram-se protocolos de estabulação de adultos e juvenis em cativeiro, e ainda, protocolos de reprodução para a obtenção regular de ovos e larvas para a alimentação das larvas de peixes marinhos. Mais recentemente e no âmbito do projecto DIVERSIAQUA, a investigação tem sido dirigida para identificar as melhores condições de reprodução de forma a obter boas sobrevivências larvares, bem como desenvolver protocolos alimentantes que permitem o desenvolvimento de gónadas de elevada qualidade. Recolheram-se 100 indivíduos da natureza, os quais foram ambientados de acordo com os protocolos desenvolvidos anteriormente. Depois de ambientados, realizou-se um ensaio de reprodução onde se obtiveram larvas com uma elevada taxa sobrevivência. Estas larvas de ouriço foram utilizadas em ensaios para optimizar aspectos zootécnicos do cultivo larvar. Dos cerca de 7000 juvenis obtidos foi possível obter um conjunto de novos stocks, os quais têm estado a ser utilizados, tais como: estudos de crescimento e de avaliação das taxas de ingestão de modo a aperfeiçoar as técnicas de cultivo; de avaliação do efeito de diferentes temperaturas no desenvolvimento da espécie, entre outros com o objetivo de progredir no conhecimento da espécie e que nos permitam dominar o efectivo cultivo desta espécie diminuindo assim a pressão nos recursos naturais. Deste novo stock também já foram retirados 500 indivíduos com cerca de 2 cm que foram devolvidos ao seu habitat natural numa acção que que decorreu em Novembro de 2017.
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