Os brasileiros foram nesta semana às urnas e elegeram uma figura inusitada para o Congresso Nacional. O palhaço Tiririca foi eleito com mais de um milhão de votos, sendo o deputado federal mais bem votado em todo o país. A expressiva votação ganhou as páginas da mídia internacional, que, ironicamente, tratou o fato comparando-o com a real situação política do Brasil.
Há quem diga que sua votação expressiva deve-se ao descontentamento do povo brasileiro, que, em um ato de protesto, acabou despejando os votos no candidato. Especialistas políticos analisam a votação de Tiririca como um ato polêmico e perigoso. Afinal, ao mesmo tempo em que os brasileiros exigem uma postura séria na política atual, elegem um palhaço para o Congresso Nacional.
Com a grande quantidade de votos de Tiririca, outros postulantes, com números inexpressivos, foram eleitos puxados pelo humorista por causa do quociente eleitoral - a soma dos votos da legenda e dos candidatos dividida pelas vagas de cada estado. Este número determina a quantidade de votos que um deputado precisa para se eleger, e o excedente é distribuído entre outros candidatos do partido e chapas coligadas.
Francisco Everardo Oliveira Silva, nome de batismo do palhaço cearense, chamou a atenção dos eleitores com o slogan "pior não fica" e virou assunto nacional já nos primeiros dias de campanha.
Mas antes de assumir a sua cadeira no Congresso Nacional, o agora deputado eleito vai ter que enfrentar a Justiça, pois o Ministério Público denunciou o candidato por analfabetismo. Em um primeiro momento o juiz eleitoral Aloísio Sérgio Rezende Silveira rejeitou o pedido, argumentando que a legislação eleitoral não exige que os candidatos possuam mediano ou elevado grau de instrução, mas apenas que tenham noções rudimentares da linguagem pátria.
Porém, a Justiça Eleitoral de São Paulo aceitou a denúncia e afirmou que "a prova técnica produzida pelo Instituto de Criminalística (IC) aponta para uma discrepância de grafias". Esta situação leva a uma dúvida sobre o fato de o candidato saber ou não ler e escrever. De acordo com o TRE, Tiririca tem 10 dias para apresentar sua defesa e comprovar que é alfabetizado.
Além da denúncia oferecida pelo MPE na 1ª Zona Eleitoral para apuração de crime eleitoral, tramita no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo um requerimento que contesta o registro de candidatura de Tiririca. O documento ainda será analisado pelo juiz relator. Tiririca é filiado ao Partido da República (PR).
A denúncia de suspeita de analfabetismo foi recebida como complementação de uma outra, oferecida pelo MPE e recebida em 22 de setembro pelo TRE, por omissão da declaração de bens no pedido de registro. Esta denúncia foi baseada no art. 350 do Código Eleitoral, que prevê como crime eleitoral "omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais".
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