O designado “estilo Manuelino” é um dos tópicos mais escorregadios da História da Arte Portuguesa, o que resultou numa grande incompreensão e desinformação por parte da população portuguesa e estrangeira.
Por isso neste vídeo vamos olhar para a história da arte manuelina e tentar entender afinal o que é.
O conceito de arquitetura manuelina é uma invenção do séc. XIX, nunca durante o reinado de D. Manuel esta nomenclatura foi empregue ou sequer existia.
A expressão arquitetura manuelina apareceu pela primeira vez 1842 pela mão do brasileiro Francisco Adolfo Varnhagen na sua Notícia Histórica e Descriptiva do Mosteiro de Belém.
A obra de Varnhgen foi publicada no contexto do romantismo liberal e do nacionalismo, num período em que as várias nações europeias procuraram no seu passado provas da sua excecionalidade e individualidade.
O que Francisco Adolfo, que era filho de mãe portuguesa e pai alemão, fez foi encontrar naquilo que chamou manuelino o “estilo nacional” português distinto do resto da Europa.
Este também é o período em que se renova o interesse pela Idade Média ao nível da história, com o exemplo máximo português em Alexandre Herculano, e das artes com o seguimento dos revivalismos do qual o Palácio da Pena é o exemplo mais conhecido.
Rapidamente o conceito de manuelino foi adotado pela historiografia portuguesa e internacional recebendo maior destaque o mosteiro dos jerónimos, a torre de Belém e a janela da sacristia do convento de Cristo em Tomar, incessantemente apontadas como as “obras primas” do manuelino, sobrepondo-se a todas as outras.
O mesmo ocorreu noutros países com o aparecimento de conceitos como o Isabelino em Castela ou o Tudor em Inglaterra.
Na sua obra, Varnhagen aponta para um conjunto de dez características próprias do manuelino. Estas no entanto, são maioritariamente aspetos ligados à epiderme dos edifícios, ou seja, à decoração.
Na realidade, em termos estruturais não existe nada que distinga a arquitetura portuguesa do tempo de D. Manuel dos outros edifícios coevos pela europa fora. Não existe nenhuma quebra, nenhuma inovação particular ou solução que não existisse anteriormente.
A designada arquitetura manuelina não é nada mais do que a fase final do gótico português.
Fontes Bibliográficas:
- Dias, Pedro (2009). A Arquitectura Manuelina. Lisboa: Fubu Editores.
- Dias, Pedro (1994). A Arquitectura Gótica Portuguesa. Lisboa: Editorial Estampa.
- Pereira, Paulo (2003). De Aurea Aetate. O Coro do Convento de Cristo em Tomar e a Simbólica Manuelina. Lisboa: IPPAR.
- Pereira, Paulo (2009). A Arquitectura Gótica. Lisboa: Fubu Editores.
- Pereira, Paulo (2010). História da Arte em Portugal. O Essencial. Lisboa: Círculo de Leitores.
Into The Past 2021.
O que é o Manuelino? - A Verdade da Mentira
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