Pois então o Reino Unido vai votar dentro de uma semana. Deve dizer se quer sair da União Europeia. Se isso acontecer, não será apenas um a menos, no bloco de 28 países. Será um terremoto social e econômico. A Europa nunca mais voltaria a ser a mesma. Os britânicos já votaram num referendo igualzinho, em 1975. Dois terços dos eleitores preferiram ficar na Europa. Naquela época, o que existia era o Mercado Comum Europeu, que era um acordo de livre comércio. Sem alfândegas nas fronteiras. Hoje a Europa está toda integrada. Os diplomas de um país valem no outro. Um banco alemão pode abrir agência na Espanha. Então por que os ingleses inventaram agora essa história? Essa pergunta tem muitas respostas. A União Europeia é muito invasiva. Mete o bedelho em tudo, com milhares de regulamentos. Qual vai ser a cor da placa dos automóveis, quanto de gordura podem ter os queijos nos supermercados. Os ingleses aceitaram a união aduaneira. Mas com peso no coração. Porque precisaram desmanchar os acordos de livre comércio com países do antigo império britânico, como a Austrália e o Canadá. No fundo, a Europa se unificou para misturar os interesses econômicos. Nenhum nacionalismo me obrigaria a entrar em guerra com o país de meus clientes, com o país de meus fornecedores. Mas os britânicos têm a cabeça de quem mora numa ilha. Eles são uma ilha de verdade. Aceitam com dificuldade os imigrantes dos outros cantos da Europa. Esses cidadãos passam a ter as mesmas vantagens que os trabalhadores ingleses. Em coisas muito boas, como aposentadoria ou um belo de um sistema público de saúde. Mas isso tudo é detalhe. Nessas últimas semanas, os bancos ingleses, os governos da França, da Alemanha e até dos Estados Unidos, não querem que o Reino Unido deixe a União Europeia. As pesquisas dão hoje dois pontos percentuais pela saída. Mas a revista Economist aposta que essa saída não vai acontecer. Eu também espero que não. É assim que o mundo gira. Boa noite.
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