Não dá ainda para dizer se os eleitores britânicos tiveram juízo. Os resultados só vão sair de madrugada. Por enquanto, é um pouco maior a chance de o Reino Unido permanecer na União Europeia. Se for o caso, todos saem ganhando, e até o Brasil ganha um pouco. Em primeiro lugar, porque não haveria crise financeira internacional. Em segundo lugar, seria bom para o Brasil porque, nas negociações da União Europeia com o Mercosul, daria para dialogar muito mais com os representantes de Londres. Eles não têm medo da concorrência dos produtos agrícolas brasileiros, como acontece com a França. Dentro da Europa, os mercados também "votaram" pela permanência do Reino Unido. As bolsas subiram. O euro e a libra esterlina se valorizaram. Mas antes que todos os votos sejam apurados, o medo é de que a União Europeia enfrente uma crise de unidade. A Escócia ainda pode ter a ideia de se separar do Reino Unido. E é também possível que outros países corram para renegociar os termos de adesão, a esse bloco de 28 membros. Mas vejamos agora quem saiu moralmente perdendo. O que mexia com a cabeça dos partidários da saída da Europa era o medo da imigração. E não são os refugiados da Síria ou da Nigéria. Estou falando dos imigrantes europeus, como poloneses, romenos ou portugueses. A União Europeia é um mercado de trabalho integrado. Quem nasce num país tem o direito de trabalhar em qualquer outro. A ultradireita britânica sofre de xenofobia. Um estudo do jornal Financial Times demonstra que os imigrantes de outros países da Europa têm uma boa qualificação. Eles ajudam a economia britânica. O mesmo jornal afirma que esses imigrantes não tomam o emprego dos ingleses. Eles são uma força de trabalho que sustenta o crescimento e compensa o declínio demográfico. Digamos, para simplificar, que a Europa e o resto do mundo podem estar nos momentos finais para sair de um pesadelo. Mas ainda não dá para dormir tranquilo. É assim que o mundo gira. Boa noite.
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