Vamos agora fazer uma viagem no tempo até a Campina Grande do início do século XX.
Pra falar do algodão campinense, eu preciso reconhecer antes a importância dos tropeiros nessa história que vou contar. Esses bravos viajantes traziam o algodão das regiões produtoras até aqui. Não só da Paraíba, mas de vários estados do Nordeste. Em Campina Grande chegavam tropeiros vindos do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, além dos diversos recantos da Paraíba como o Brejo, Curimataú, Cariri e Sertão. Na verdade, esses homens já faziam essas viagens bem antes da era do algodão, para a comercialização de produtos como mandioca, milho e frutas.
No final do século 19, em 1864, quando foi elevada a categoria de cidade, Campina já era um centro polarizador comercial reconhecido como o maior do Nordeste, fato que aconteceu por ser um entroncamento de vias de ligação entre as principais cidades. Algumas poucas décadas depois do reconhecimento como cidade, no início do século XX, foi chegada a era do ouro branco, o estouro positivo da economia baseada no comércio do algodão. Mais uma vez, lembrado, campina comercializava o algodão, não produzia.
Esse fenômeno da gigantesca demanda do algodão campinense se deu por conta do declínio da produção algodoeira nos Estados Unidos, país que era o principal fornecedor do produto para a Europa. Na época, com a guerra de secessão que findou o trabalho escravo nos Estados Unidos, a produção do algodão caiu e os países europeus, principalmente a Inglaterra, precisaram buscar em outras regiões. O nordeste do Brasil, com o clima altamente propício para o cultivo, acabou adotando a produção do algodão.
Tropeiros viajantes, carregados de fardos de algodão, vinham de diversas regiões em direção aos portos de João Pessoa (Porto do Capim), e do Recife. Passavam por Campina Grande e paravam para descansar, e pra se reabastecerem de água e mantimentos para as viagens. Foi aí, então, que os comerciantes (campinenses e forasteiros) tiveram o start de segurar aquele algodão ali e lucrar com aquilo. Formou-se um mercado de compra e venda de algodão no local. Os mesmos tropeiros já não mais faziam a viagem completa até os portos no litoral.
Deixavam o algodão em caroços e fardos de plumas vindos de diversas regiões em Campina, e acontecia ali a comercialização. Outros tropeiros levavam até os portos, no litoral, o produto já destinado pra exportação. A cidade ficou conhecida, então, internacionalmente, tornando-se o grande centro entreposto do algodão de todo o brasil.
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