Esse é o último vídeo de minha série de três vídeos sobre a mente abusiva. Nesse vídeo, em específico, irei discutir o "falso self", ou seja, a máscara social que pessoas abusivas criam para as pessoas que as circundam. Esse eu falso é oposto ao eu verdadeiro, o qual refere ao que realmente pensam, acreditam e desejam; o qual permanece escondido, reprimido, e só visível à quem convive de modo íntimo. O eu falso é a máscara socialmente aceitável, construída para não assumir em si as próprias inseguranças e falhas.
A construção dessa apresentação artificial do eu por pessoas abusivas se dá em meio à prolongada invalidação emocional na infância, pela negação de si e seus desejos por cuidadores negligentes e controladores, que não foram capazes de garantir afeto e nem autonomia. Na vida adulta o falso eu se manifesta numa conduta imitativa do meio social, como um reflexo do que é esperado e aceito, como extensão dos grupos e das vontades dos semelhantes. Esse eu serve à proteção daqueles atributos escondidos, os quais são reprimidos como inaceitáveis, e se referem às instabilidades emocionais e condutas inapropriadas que a pessoa abusiva sabe que possui, mas se recusa a aceitar em si, atribuindo seus erros aos outros.
Viver se rejeitando deixa marcas. Em resposta às condutas de anulação há atos de profundo egoísmo, de afirmação de seus próprios sentimentos, de desconsideração das necessidades de pessoas próximas. Por terem, em algum momento, tomado os outros como parâmetros de ação, as pessoas abusivas que constroem esse falso eu se sentem coagidas, enganadas, desgastadas e, por sua própria dinâmica de rejeição de si, reagem a qualquer rejeição com agressividade e profundo descontrole emocional. Ter o eu negado e moldado para sua proteção é também ter o eu instável e incoerente, mesmo que isso cause danos à outros. Negar a si, para alguém incapaz de lidar com a própria rejeição e culpa, parece ser a única estabilidade diante da instabilidade que eles mesmos causam aos que os cercam.
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