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Nono filho do príncipe D. Fernando e neto de D. Duarte I, nasceu em Alcochete a 31 de Maio de 1469. Com o assassinato de seu irmão D. Diogo, duque de Viseu, em 1484, D. Manuel ascendeu ao primeiro lugar na linha legítima da sucessão ao trono. Na mesma altura recebeu todos os bens de seu irmão e os títulos de duque de Beja, condestável do reino e mestre da Ordem de Cristo.
Uma das peças mais valiosas e espetaculares da numária portuguesa foi cunhada neste reinado. Trata-se do português, uma moeda de ouro aceite em praticamente todo o mundo como meio de pagamento e que reforçou o prestígio de Portugal. Para além do português, D. Manuel I mandou ainda cunhar outra moeda de ouro, o cruzado.
Referido como um ex-líbris da numismática nacional e mundial, o português foi cunhado com o valor de 10 cruzados e, na altura, tornou-se na moeda de maiores dimensões criada por qualquer reino europeu. Essa característica é assim descrita por Duarte Nunes Leão, citado no livro de Teixeira de Aragão sobre as moedas portuguesas: “Afóra estas peças entravaõ no presente aneis, bago, mitra, cruzes, cálices, e thuribulo de ouro coberto de admirável pedraria, e com isto, muitas moedas de ouro de quinhentos cruzados cada uma, dos cunhos de Portugal, que parecião grandes maçaes…”.
As “grandes maçaes” seriam Portugueses que estavam entre os presentes que seguiam na embaixada que D. Manuel I enviou ao Papa Leão X, em 1514. Joalharia, tecidos, um cavalo árabe e até um elefante contavam-se entre as ofertas do monarca português. Tal como os novos títulos do rei e o Português esta “operação” serviu também para Portugal afirmar o seu poder na Europa.
A cunhagem do Português de D. Manuel I terá começado antes da primeira viagem à Índia de Vasco da Gama. Joaquim Ferraro Vaz, num artigo publicado no nº 33, de 1974, da Nvmmvs, boletim da Sociedade Portuguesa de Numismática, refere dois textos de Gaspar Correia e Damião de Góis, os “únicos documentos conhecidos acerca da bela numária do Rei Venturoso”, que falam na existência do Português na “bagagem” do navegador português. Por exemplo, nas “Lendas da Índia”, Gaspar Correia conta que Vasco da Gama ofereceu a várias entidades do Oriente “Portuguezes de dez cruzados” assim como “Cruzados”, “Tostões de prata”, “Vintens” e “Meos Vintens”. O português foi uma verdadeira moeda global, com circulação em todo o mundo, desde a Europa ao Oriente, sendo universalmente aceite como meio de pagamento.
“Da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia”. Em agosto de 1499, quando Vasco da Gama chegou a Lisboa depois da primeira viagem à Índia, o rei D. Manuel I decidiu acrescentar aquelas palavras aos títulos que os reis portugueses usavam e que sofriam uma “mutação contínua desde D. João I”.
A demonstração de poder do monarca português não se ficou pelos títulos. Foi na sua época que Portugal deu “novos mundos ao mundo”, entre os quais se conta o Brasil, tendo ainda iniciado a expansão na Ásia.
Para além de Lisboa e do Porto, D. Manuel I mandou ciar oficinas de cunhagem de moeda nos territórios de Goa, Malaca e Cochim. Um dos objetivos era precisamente a emissão do português. As conquistas e respetivos rendimentos tornaram Portugal um reino rico e prestigiado, procurado por mercadores e entrando diretamente em concorrência com as grandes praças comerciais da época, como era o caso de Veneza que, em 1501, foi ajudada pelo rei português na sua luta contra os Turcos, através do envio de frota marítima. Durante o reinado de D. Manuel I, a expansão portuguesa atingiu o seu auge e o poder do monarca e do reino era reconhecido em todo o mundo. Um dos testemunhos desta grandeza é o Mosteiro dos Jerónimos, construído pela Ordem de São Jerónimo, em Belém, na cidade de Lisboa, em terras cedidas pelo rei em 1498. Um outro monumento que simboliza o poderia e a opulência daquela época é a Torre de Belém, construída entre 1515 e 1519.
O Português apresenta no anverso a grande legenda disposta em dupla coroa circular e que apregoa os novos títulos adoptados pelo rei de Portugal e, no reverso, a cruz da Ordem de Cristo, que pela primeira vez figura em moeda, como insígnia real que é a partir deste reinado. A moeda, cunhada ao longo de 40 anos, terá sido batido em grandes quantidades pelo rei D. Manuel I. Também foi cunhada no reinado de D. João III. A sua fama continuou para além destes dois reinados e a partir de 1570 várias cidades, entre as quais as da Liga Hanseática, bateram moeda de ouro de dez cruzados com a Cruz de Cristo no reverso. Ficaram conhecidas para a história da numismática como os Portugalosers.
Os exemplares desta moeda que hoje se conhecem distinguem-se pelo seu estilo sóbrio, tamanho e peso, tendo sido batidos num ouro quase puro.
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