Sonetos
[ XXXV ] Hum mover de olhos, brando e piedoso,
Hum mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de que; hum riso brando e honesto,
Quase forçado; hum doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso:
Hum despejo quieto e vergonhoso;
Hum repouso gravíssimo e modesto;
Huma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso:
Hum encolhido ousar; huma brandura;
Hum medo sem ter culpa; hum ar sereno;
Hum longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste formosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.
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